tag:blogger.com,1999:blog-4265034736902121502024-03-14T03:42:11.463-03:00Revista 7facesISSN 2177-0794Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comBlogger57125tag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-87786579459233211572021-08-24T11:33:00.001-03:002021-08-24T11:33:37.033-03:00<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><img border="0" data-original-height="1445" data-original-width="1023" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-p__Jk_-9W7A/YSUBYDdfh9I/AAAAAAAAjdI/lfJESYebLT4ygroVwbSn0y0g_eJ6BnDsACLcBGAsYHQ/w284-h400/capa-revista-7faces-23.png" width="284" /></div><br /><p></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><div style="text-align: justify;">Somos aquelas que
imprimem</div><span lang="PT"><div style="text-align: justify;">às histórias outros
olhares</div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;">outras formas e
maneiras</div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"> </div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;">— Maria Teresa Horta</div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"> </div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"> </div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;">Uma das bases da
poesia, talvez a principal devido sua própria natureza, é a dissidência. Não é
acaso, portanto, encontrar com maior facilidade na extensa lista de poetas de
uma literatura e mesmo no rol dos que permanecem além das suas circunscrições
apenas os que compreenderam bem esse desígnio e ultrapassam, de maneira
diversa, as múltiplas fronteiras do convencional.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div> </span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;">O horizonte dessa
afirmativa pode ser ampliado; estendido ao papel da própria literatura, isto é,
não apenas da poesia. Mas, se isso é possível — e tem fundamento mais ainda nos
tempos vigentes — se deve primeiramente à força deste gênero que, desde a
origem imemorial das múltiplas noções que o designam se constituiu como
vilipendio da ordem, especialmente se pensarmos no poeta como uma figura — qual
um Prometeu — que rouba o protagonismo do Criador no trabalho de forja de outro
mundo feito com a matéria e os resquícios desse que habitamos.</div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;"> </div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;">Muitos são os
constituintes da dissidência e neles podemos buscar a desobediência, a negação
e a recusa. Nenhum funciona como determinação ou puro ímpeto. Se em nenhuma
parte cabe a primeira, o segundo, como o impulso essencial do dissidente, não
se sustenta se não estiver amparado por uma maneira de ser e estar no mundo
fundada em princípios próprios. Isto é, o dissidente não é o adolescente
rebelde, o pura e simplesmente revoltado com a ordem. O ímpeto puro e
simplesmente é fogo-de-palha. É mais destrutivo que produtivo e, claro, é
sempre bom desconfiar dos comportamentos condicionados sem alguma proposição.
Deles, sabemos pela história, sempre saíram o pior de nós — coisa também que
não é a poesia, se nela acreditamos com a literatura, como o nosso melhor.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;">O poeta se desfaz do
dominante para oferecer uma possibilidade individual do mundo. Isso não
significa uma postura alheia ou a verdadeira; significa se assumir de encontro
ao estabelecido, sobretudo, quando este, direta ou indiretamente, se assume
como negação do mundo, de natureza sempre variada e complexa. Em parte, isso
confirma o que designaríamos como um papel cívico universal — o compromisso de
qualquer indivíduo para com a coletividade — que no poeta se assume por
dimensões que escapam ao puramente político ou ideológico. Por mais que agora,
em nome de uma justificação utilitarista do literário, herança do
estabelecimento grassador da sociedade do consumo, isso se mostre tão acentuado
que por vezes sobreponha as dimensões originais do poético, não é essa justificatição
parte exclusiva das dimensões que o sustentam.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;">Sendo a dissidência
uma posição no mundo e este um sistema constituído de múltiplas ordens, cada
uma sempre um problema e matéria para o mundo do poeta, um poeta é feito de
muitos. Antes disso, desobedecer, negar e recusar — para verbalizar alguns dos
constituintes da dissensão anteriormente destacados — pressupõe sempre (é ato
contínuo, sublinhe-se) assumir uma <i>variedade de faces</i> (mais que as sete já
conhecidas) e estas podem sempre se capturar pela obra, na sua unidade ou
heterogeneidade. Assim, toda a unidade do mundo estruturado pelo poeta se
organiza por derivas e é uma multiplicidade feita de variáveis assumidas — <i>continuum
</i>cívico a ele indispensável como indivíduo de uma coletividade — ou entrevistas
na poesia, isso que alguns se referem como consciência estética.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;">A obra de Maria
Teresa Horta é um dos exemplos mais convincentes da poesia do século XX que se
fez dissidência. A primeira de suas negações se mostra na atitude de se assumir
<i>poetisa </i>— em clara e dupla ruptura com as convenções vigentes no seu contexto
de estreia na literatura: primeiro reocupando um termo que depois de integrado
à oficialidade do vocabulário sofreu o assoreamento da estrutura dominante que
atribuiu à palavra um efeito pejorativo; depois, pela desobediência <i>servil
</i>assumindo-se protagonista no complexo processo de emancipação das mulheres.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div> </span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;">Ora, em 1960 já
existiam em toda a parte mulheres integradas à literatura (esta uma das ordens
do mundo); isso, claro, não é novidade, que elas sempre aí estiveram, apesar
dos apartes, dos impedimentos, das matrizes estigmatizantes, dos
silenciamentos, das imposturas, tudo administrado por um domínio sectário e
masculino. Mas, quando avistamos o contexto português, notamos que a afirmativa
ganha outro peso e sentido. Aí, essas cisuras ainda se faziam acachapantes
tendo em vista que as saídas do predomínio de uma ordem centrada no mando e na
ferradura só chegaram aos portugueses nas últimas décadas do século passado.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div> </span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;">É dese modo que Maria
Teresa Horta se inscreve entre as que passaram pelo fogo da inquisição de seu
tempo e os efeitos disso são ainda perceptíveis — positivamente porque sua obra
é em parte derivada desse contexto e negativamente porque essa mesma obra é muitas
vezes colocada à parte pelos detratores de agora. Sim, estes nunca deixaram de
existir; comem e se vestem como todos, mas ainda se fazem integrados àqueles
princípios dos tempos de treva. Assim, é que os silêncios (eventuais mas
constantes) sobre a obra ou a ausência em determinados círculos e circuitos (explícita
ou velada) mesmo depois de provada sua
qualidade e grandiosidade não são gratuitos. Principalmente quando sabemos que
o projeto criativo da poetisa aqui lembrada se estruturou a partir de um não
muito visível às convenções: a “aquilo/ que os outros queriam”; à “sina/ de
destino preparado”, para tomar algumas linhas do seu poema “Desobediência” (Poesis,
Editora LeYa, 2017).</div><div style="text-align: justify;"><br /></div> </span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;">Quando falamos sobre
Maria Teresa Horta, não falamos sobre uma mulher marcada apenas pelo ímpeto
juvenil que se colocava na linha de frente à condena imputada pelas rédeas de
um governo inescrupuloso amparado numa moral fajuta; todo seu impulso sempre
foi parte de um sólido lugar no mundo feito da matéria do desassossego e
pautado num valor coletivo de base individual, a liberdade — termo-vivência
quase sempre ignorado ou corrompido de sua validade muitas vezes até mesmo
pelos que se assumem libertários.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;">Alguém poderá tomar
a dissidência como <i>resistência</i>, outra palavra colapsada pelo uso a torto e a
direito do nosso tempo de excesso da fala. Mas aquela talvez ilumine o real
valor desta; se destravamos a passividade entranhada no <i>resistir</i>, logo
encontraremos o que é resistir: produzir ação sobre o mundo, modificando-o, subvertendo-o,
sempre em vista com a liberdade. Por isso, a poesia de Maria Teresa Horta se
faz perene: a única justificativa que nos interessa para estar vivos é a de que
só por nossas mãos se é capaz buscar um mundo possível ainda que nunca possamos
alcançá-lo totalmente.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Pedro Fernandes de
Oliveira Neto</div></span><span lang="PT"><div style="text-align: justify;">Diretor da Revista <span style="font-family: georgia;">7faces</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: inherit;">Para ler ou baixar clique <a href="http://www.revistasetefaces.com/2021/08/clique-sobre-imagem-para-visualizar.html">aqui</a>.</span></div></span></div>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-61852054673326572412021-08-24T11:32:00.002-03:002021-08-24T11:40:57.240-03:00<p> </p><div style="text-align: left;"><a href="https://issuu.com/setefaces/docs/revista_7faces_n._23" style="clear: left; margin-bottom: 1em;" target="_blank"><img border="0" data-original-height="1445" data-original-width="1023" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-1znFKa4xwFc/YST-lZMWgfI/AAAAAAAAjdA/_zO5k9kJIgoehbDFETRHISH7YVw-P4XOgCLcBGAsYHQ/w284-h400/capa-revista-7faces-23.png" width="284" /></a></div><p></p><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="text-align: center;"><span style="font-size: x-small;">(clique sobre a imagem para visualizar a edição online)</span></span></div><div><span style="text-align: center;"><br /></span></div><p><br /></p><p style="text-align: left;"></p><div style="margin-bottom: 0cm;"><b>Organização<br /></b>Conceição Flores<br />
Pedro Fernandes de Oliveira Neto<br />
Cesar Kiraly</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br /><b>Projeto gráfico, editoração eletrônica e diagramação<br /></b>Pedro Fernandes de Oliveira Neto</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br /><b>Páginas<br /></b>256</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br /><b>Formato<br /></b>edição eletrônica</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br /><b>Autores desta edição<br /></b>Helena Costa Carvalho, Henrique
Grimaldi Figueredo, Laura Elizia Haubert, Gianni dos Anjos, Jean Sartief, Ricardo
P. G. Vianna, Joanne Oliveira, Wander Lourenço, William Pardo, Bruno de Sousa, Márcio
de Lima Dantas, Sofia A. Carvalho, Pétalla Timo, Vinicius Bandera, Christine
Gryschek, Tharles Rodrigo Machado, Ana Carolina Francisco, Valéria Pisauro<br /><o:p> <br /></o:p><b>Autores convidados<br /></b>Conceição Flores, Jorge Marques, Michelle Vasconcelos Oliveira do Nascimento,
Patrícia Reis, Luis Maffei, Inês Pedrosa, Ana Maria Domingues de Oliveira<br /><o:p> </o:p></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
Para baixar o PDF clique <a href="https://drive.google.com/file/d/1FhLwKo_9_IlEf9D-WqcP5FbALZ9C5PXY/view?usp=sharing" target="_blank">aqui</a><br /><o:p> </o:p></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br /></div>
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<br /><p></p>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-9439839645061653262020-11-27T09:09:00.005-03:002021-08-24T11:02:33.040-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-fh4RmhScG08/X8Dri_qUhhI/AAAAAAAAh8M/p6R09Ptfat8sBU6Ockslc2_pt5FnCyMJQCLcBGAsYHQ/s1066/capa%2Brevista%2B7faces%2B22.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1066" data-original-width="754" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-fh4RmhScG08/X8Dri_qUhhI/AAAAAAAAh8M/p6R09Ptfat8sBU6Ockslc2_pt5FnCyMJQCLcBGAsYHQ/w283-h400/capa%2Brevista%2B7faces%2B22.png" width="283" /></a></div><br /><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><div style="text-align: justify;">viva eu, que inauguro no mundo o
estado de bagunça transcendente.</div><div style="text-align: justify;">Murilo Mendes</div><o:p><div style="text-align: justify;"> </div></o:p><o:p><div style="text-align: justify;"> </div></o:p><div style="text-align: justify;">Murilo Mendes encabeça a pequena
lista dos nossos poetas cosmopolitas. Viajou pela primeira vez à Europa em
meados dos anos 1950 e mais tarde neste continente constituiu sua vida pessoal,
intelectual e criativa. Bélgica, Holanda, Itália, França são alguns dos países
mais citados quando se busca construir seus itinerários pelo mundo. Mais tarde,
vai viver em Portugal, onde concluiu sua existência. E todo esse périplo
começa, quando se muda de Juiz de Fora, Minas Gerais, para o Rio de Janeiro com
o irmão mais velho. É na então capital do país que se constitui, outros
trânsitos, além do geográfico: as experimentações profissionais e também
criativas. O contato com alguns nomes da vida literária de então, tais como
Ismael Nery, fará com que se constitua o poeta que se apresenta em livro, pela
primeira vez, em 1930.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Mais de três décadas depois e com
uma obra capaz de sustentar uma ainda mais robusta antologia ― a primeira
publicação do tipo foi Poesias e reunia o trabalho composto entre 1925 e 1955,
deixando de fora materiais que o poeta, severo crítico de si, revia ao longo do
tempo como impraticáveis, “supérfluos ou repetidos” ― publica pela Moraes Editora, em Lisboa, <i>Antologia poética</i>. Parte da
impressão do livro foi feita no Brasil sob o selo da Livraria Agir Editora.
Numa espécie de prefácio deste livro de autoexame, como bem podemos designar
toda antologia organizada pelo próprio autor, o poeta mineiro redige uma nota
e, entre outras coisas, diz que é este “o livro-resumo de alguém que desde
adolescente crê na força da poesia como técnica social e individual de
interpretação da matéria da vida.”</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Ora, o pequeno excerto apresentado
situa uma variedade de sugestões. A primeira delas, claro está, é o aspecto
periférico. Trata-se de um registro escrito pelo próprio poeta em modo de pista
para uma leitura da sua obra; a depender de como o leitor encontre com essa
passagem os sentidos em relação ao livro se transformam. Assim, se deparar com
a nota no final da leitura pode implicar a conclusão ainda não alcançada
totalmente ou mesmo um retorno para o ponto inicial do conjunto de textos a fim
de atravessá-lo outra vez; se, na ordem que está posta, para os leitores mais
metódicos que não mergulham numa leitura sem antes perscrutar os elementos que
antecedem o corpo do objeto que tem em mãos, um prenúncio sobre o que este
percurso lhe reserva; se ao acaso, pode ser este o ponto desencadeador para
entrar em contato com o livro; se pelo trajeto irregular, um fio organizador da
leitura. As possibilidades, portanto, são bem diversas. E em todas elas cumprem
com um papel organizativo, o que é, afinal, toda nota introdutória e todo
trabalho de antologia.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A errância de sentidos nascida do
contato do leitor com esta nota que não se constitui do simples critério
demonstrativo é uma boa maneira de se compreender a obra de Murilo Mendes.
Embora a crítica já tenha estabelecido quais são suas regularidades,
sintetizado assim suas faces, este é um universo poético bastante singular,
propositalmente afeito ao irregular. E a razão disso se oferece pela maneira
sempre questionadora como o poeta emprega os usos da linguagem, das formas, das
estruturas, dos temas e dos materiais para a feitura do poema. É dessa maneira
que podemos designar sua poética como resultada de um contínuo desejo que não
se deixa captar pela simples expressão de origem subversiva. Sim, há poetas
assim por uma espécie de impulso de natureza virulenta; estes podem ser
designados como rebeldes. Em sua maioria são frágeis, não se sustentam fora das
redomas que criaram para si. No entanto, esse não é o caso aqui; a subversão do
poeta de <i>As metamorfoses</i> não é impulsiva, logo, não se trata de pura rebeldia.
É rebeldia ciente. Isso significa que nada de suas decisões inovadoras devem
ser lidas como casuais ou produzidas apenas a posteriori dos efeitos de um
universo de polivalências.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div> <div style="text-align: justify;">Parece fazer sentido que tratamos
de uma ousadia criativa desinteressada dela própria como ideologema, isto é, da
ousadia enquanto teorética ou mesmo tema, e preocupada em oferecer novas condições
capazes de ressignificar usos, forças, sentidos, formas e estruturas de
linguagem, o que, no fim de tudo, é o princípio <i>em-si</i> e básico da poesia,
sobretudo, da poesia constituída nesse período de Murilo Mendes, marcada pela
inovação.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div> <div style="text-align: justify;">O mundo engendrado pelo poeta não
é feito apenas de contínuo questionamento das coisas mas de proposições capazes
de nos colocar, em deslocamento, em contato com outras ordens. Trata-se de uma
poética que prova dos sentidos usuais para fazê-los por deformação, modificação
― ou seja ampliação ― em divergências. Assim é o seu catolicismo, suas maneiras
de expor os impasses do mundo corrompido pelas artimanhas do capital, da
tecnologia em ritmo de ascensão vertiginosa e dos poderes cinzentos, e
questionar os próprios limites autoritários das estruturas e das formas
artísticas. Esta é uma poética nascida do confronto entre o eu e o mundo, uma
vez que compreende a poesia como força propulsora da matéria da vida.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O liminar constitui um início de
algo, é o que se coloca no início de um livro, como um prólogo, um prefácio; o
liminar é ainda ponto de passagem, o limite. No âmbito jurídico, é um pedido
específico nos processos quando não existem requisitos legais; por ela, a
autoridade judicial pode confirmar ou invalidar algo; é sempre provisória.
Todos esses sentidos participam no jogo intelectivo desse fragmento da
profissão de fé do poeta. Assim, se compreende desde o título da <i>apresentação
</i>ao livro de 1964, “Nota liminar”, como uma consciente provocação: o poeta
subverte o aspecto periférico de um livro, uma <i>nota</i>, ao torná-la essencial.
Oferece uma via de acesso entre o projeto literário conduzido até então e os
possíveis desdobramentos posteriores a antologia; e estabelece um tratamento
instrutivo e judicativo provisórios ao seu leitor. A provisoriedade não se
restringe ao tempo do livro, isto é, um designativo para a antologia, mas à
própria compreensão da atividade criativa, toda ela feita da variabilidade de
intelecção acerca do fenômeno poético.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">O poeta especifica que desde a
juventude a poesia lhe é “técnica social e individual de interpretação da rude
matéria da vida”. Afasta-se, desse modo, a ideia romântica do acaso ou da
espontaneidade de criar, esta última algo recorrente entre os poetas
modernistas e constitui em Murilo Mendes o seu contrário, isto é, no que
podemos designar como um grau consciente da feitura do poema; este é um objeto
constituído pelo trabalho intelectual, logo, alimentado por todas as forças que
participam no seu estabelecimento. Assim, não é apenas uma propriedade do
sentir e do pensar; sentimento e pensamento acessam o mundo e nele buscam os
elementos que lhe dão consistência. É aqui que a poesia, como potência movente
e mobilizadora, se avizinha e se imiscui de outras manifestações e práticas de
linguagem. Nesse caso, os elementos constitutivos do universo do poeta são as
suas reminiscências de memórias, os episódios capturados pelos sentidos, os
fenômenos indecifráveis que participam da realidade física das coisas, o
funcionamento das ideologias e toda parafernália interposta entre o eu e mundo.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Uma maneira de compreender a obra
de Murilo Mendes, de contorno desmesurado, é deixar-se errar pela variabilidade
proposta por um poeta que rejeita o estático e se integra nunca comodamente aos
múltiplos deslocamentos propiciados pela contínua movência dos sentidos. É
também essa movência que faz encontrar o díspar e do entrechoque entre
elementos de natureza irregular se forma outra ordem, outra lógica ― e então
estamos integrados a um universo que foge das oposições, dos estereótipos, das expressões
normais do mundo. É nesse sentido que a obra desse poeta se constitui entre as
mais valiosas da nossa literatura; produto de uma consciência desenvolta,
movida pela dispersividade e ciente de que a partir de então, desta, ninguém
mais escapará, essa obra se tornou ao mesmo tempo expressão de seu tempo e
singularidade universal e perene.</div> <o:p><div style="text-align: justify;"><br /></div></o:p><o:p><div style="text-align: justify;"><br /></div></o:p><div style="text-align: justify;">Pedro Fernandes de Oliveira Neto</div><div style="text-align: justify;">Diretor da Revista <span style="font-family: georgia;">7faces</span></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Para ler ou baixar clique <a href="http://www.revistasetefaces.com/2020/11/clique-sobre-imagem-para-visualizar.html">aqui</a>.</div></div><p></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p></o:p></p>
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<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><o:p> </o:p></p><br /><p></p>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-63448854109647920662020-11-27T09:09:00.004-03:002021-08-24T11:01:20.128-03:00<p><span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"><span style="text-align: center;"><br /></span></span></p><p><span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"><a href="https://issuu.com/setefaces/docs/revista_7faces_22" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;" target="_blank"><img border="0" data-original-height="1066" data-original-width="754" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-qRT_gNf7kHo/X8BGZMkvwuI/AAAAAAAAh78/iGQ9V0O-q4QWGV5CCEX4eU80yGtjm1baQCLcBGAsYHQ/w283-h400/capa%2Brevista%2B7faces%2B22.png" width="283" /></a></span></div><span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"><span style="font-family: inherit; text-align: center;">(clique sobre a imagem para visualizar a edição online)</span></span><p></p><p><br /></p><p></p><div style="text-align: left;"><b>Organização</b>:</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Pedro Fernandes de Oliveira Neto<br />Cesar Kiraly</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br /><b>Projeto gráfico, editoração eletrônica e diagramação<br /></b>Pedro Fernandes de Oliveira Neto</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br /><b>Páginas<br /></b>224</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br /><b>Formato<br /></b>edição eletrônica</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br /><b>Autores desta edição</b></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="text-align: justify;">André Ribeiro, Angelita Guesser, Anne Mahin, Carlos Cardoso, Cristiana Pereira da Cunha, Daniel Mendes, Delalves Costa, Diogo Costa Leal, Fabio Pessanha, Francisca Maria Fernandes, Huggo Iora, Jeferson Barbosa, Lourenço Duarte, Mariana Godoy, Rodrigo Garcia Lopes, Sebastião Ribeiro e Wemerson Felipe Gomes.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="text-align: justify;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><b>Autores convidados<br /></b><span style="text-align: justify;">Maria Domingas Ferreira de Sales, Sílvio Augusto de Oliveira Holanda, Maria Laura Müller da Fonseca e Silva, Valmir de Souza, Filipe Amaral Rocha de Menezes, Gustavo Henrique de Souza Leão e Patrícia Aparecida Antonio.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="line-height: 15.6933px;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><span style="line-height: 15.6933px;"><br /></span>Para baixar o PDF clique <a href="https://drive.google.com/file/d/18ofbWo55R98naTl4dlp0SHEcos0MZ7N0/view?usp=sharing" target="_blank">aqui</a></div>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-70224496346881874942020-09-30T09:10:00.001-03:002020-09-30T09:10:11.333-03:00<div class="separator"><div class="separator" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="540" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-KdrJ_39mog4/X3RwtYohEvI/AAAAAAAAhgI/dmljrae49ccbku_gPx8gUQgL6FgW9lt_wCLcBGAsYHQ/w281-h400/capa%2B7faces%2B21.png" width="281" /></div></div><br /><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;">O ato do poema é um ato íntimo,
solitário, que se passa sem testemunhas.<br />João Cabral de Melo Neto<br /><o:p> <br /></o:p><o:p> <br /><div style="text-align: justify;"><i>Pedra do sono</i> foi o primeiro livro
de poemas publicado por João Cabral de Melo. Pedra inaugural, portanto. É
interessante reparar como o primeiro elemento desse sintagma se converteu em
intermitência no seu trajeto literário; um ponto de retorno mas nunca de
descanso, contrariando a sugestão onírica demonstrada na presença do segundo
componente. Como se uma educação do poeta ― para recuperar os termos utilizados
no designativo de outro livro publicado mais tarde, <i>A educação pela pedra</i> ―
devesse primar continuamente pelo reinventivo, este que resulta quase sempre,
no inovador, como se cada livro fosse uma peça distinta de uma composição. Se
de escolas falamos, a esta devemos acrescentar outra, <i>A escola das facas
</i>(1980), quando reconhece, também de muito antes, a influência deste segundo
elemento na sua poesia.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div></o:p><div style="text-align: justify;">Na obra de 1942 é visível o
diálogo que manteve com o surrealismo no início de sua formação literária; mas,
propositalmente recompôs a estética à sua maneira: um surrealismo estruturado,
sem se entregar ao tratamento da escrita automática. Essa vaga não se
dissiparia totalmente de imediato, ainda que, mais tarde, o próprio poeta tenha
desenvolvido uma recusa sobre a escola ao ponto de questionar sobre o papel
deste primeiro título e de outros poemas num projeto literário fundamentado
numa tentativa de objetividade da palavra. Mas, uma simples visita pela sua
bibliografia ativa, em nada espartana, nos levará reconhecer que não foi este
projeto fundado apenas na tendência que o distingue no âmbito da poesia
brasileira, uma vez que, da verve surrealista, sua obra não deixa de transitar
por uma poesia de tons memorialistas e formas mais populares, ainda que o
reconhecido sucesso de <i>Morte e vida severina</i>, do qual deriva a última fonte,
repouse mais numa posição assumida de um imaginário advindo de suas releituras
em outros meios que propriamente do texto original. Quer dizer, o grande mérito
do poeta terá sido converter as recorrências no conteúdo poético em benefício
de uma dicção autêntica e irrepetível, uma característica que ressalta a
posição que alcançou no âmbito das literaturas de expressão portuguesa.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">À pedra e à faca ― e o poema
dramático de 1955, logo nos sugere ― deve-se acrescentar o rio. São estes três
elementos capazes de descrever, mesmo que não sintetizem, a poesia de João
Cabral de Melo Neto. Não sintetizam porque nela se contém toda uma geografia
dos seus afetos: o Recife que contribuiu para sua primeira formação e nunca saído
do poeta e algumas cidades da Espanha que levaram-no descobrir seu lugar natal.
Sevilha, por exemplo, não é puramente uma cidade da Andaluzia, mas a
transfiguração material de um Pernambuco habitado pelo poeta, mais da estruturação
de um imaginário que puramente de memória. Ora, é verdade que nada mais sobra
do devaneio romântico advindo das saudades da terra tropical, porque a poesia
cabralina expulsa quaisquer sentimentalismos (e tropicalismos), mas o lugar
original é o Éden do poeta, não no sentido da exuberância que a princípio o
termo sugira, obviamente, e sim no sentido de repouso, do ponto original,
matéria com a qual se moldam os materiais constituintes de seu universo poético.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Numa conferência de 1952, o poeta
ensaia a discriminação de dois princípios criativos: um coletivo, integralmente
pulverizado desde a modernidade; e outro individual, então vigente. Este último
conduz o poético para soluções diferentes à feitura e composição dos mundos
inaugurados pela criação literária. Nesse sentido, o poeta deixou de ser o que
domina uma vasta experiência criativa e é o que busca dominar os <i>tiques
particulares que constituem seu estilo</i>. Sempre se diz que quando um poeta fala
do seu ofício ou da obra sua e alheia expressa alguma parte da sua profissão de
fé, constituindo indiretamente seu tratado particular de criação. Essa certeza
que não é falsa, confirma, numa vista ligeira, que as definições de João Cabral
de Melo Neto em “Poesia e composição” esclarecem o que se disse acima: toda sua
poesia é uma tentativa de singularização do mundo e das coisas para mostrá-lo
sem quaisquer misticismos: “o poema no qual não entra para nada o espetáculo de
seu autor e, ao mesmo tempo, pode fornecer do homem que escreve uma imagem
perfeitamente digna de ser que dirige sua obra e é senhor de seus gestos”,
acrescenta o poeta.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">Uma das últimas aparições públicas
de João Cabral de Melo se deu numa passagem bastante atribulada de sua vida,
aquando da perda progressiva da visão; foi uma entrevista conduzida a várias vozes
para os <i>Cadernos de Literatura Brasileira</i>, publicados pelo Instituto Moreira
Salles. Mais isolado do convívio público e muito avesso a quaisquer celebrações
em torno da sua obra, nesta entrevista, o poeta registra parte importante do
seu ofício e da poesia como um todo. É quando se apresenta uma formulação
metafórica, tratada certamente na intimidade dos poucos convivas, uma vez que
puxada pela companheira Marly de Oliveira. O conceito está em perfeito diálogo
com a tese levantada em “Poesia e composição”, ampliando-a pela imagem sobre o
poeta motivado para coletividade e o poeta individualista: o primeiro carrega
consigo toda uma época, enquanto o segundo introduz cisões. É importante
destacar que esses sistemas aparentemente binários não reduzem a poesia e seus
criadores a duas classes em oposição, visto que entre uma e outra destacam-se
mesmo poetas e obras que se estabelecem como pontes dialéticas. Mas, na
sinalética cabralina, ele próprio é um poeta perfeitamente integrado ao segundo
grupo ― sua posição na cena da nossa literatura é isolada, é o poeta cuja obra coloca
um freio na espontaneidade modernista.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">É verdade que a histografia
literária sempre se utilizou, muito pelo instinto do continuísmo linear
recorrente na concepção dominante de história, de duas tentativas
conciliadores. De um lado, é comum se utilizar da condição de filho bastardo do
modernismo para acentuar uma integração da poesia cabralina a uma linha
original da nossa poesia. Isto é, uma tentativa de explicitação das suas
origens pelos pressupostos da Escola de 1922. De outro, agora pensando o
momento de sucessão, tenta-se adequar, forçadamente, sua obra entre os
precursores da poesia experimental dos concretistas. Mas essas determinações se
formam mais intuitivamente que comprovadamente. Se por um lado encontram as
justificativas que abrigam o poeta entre os reconhecidos, por outro, impedem ao
leitor de encontrar os valores que o distinguem não entre mas dentre os demais.
Cada poeta se afirma pela individualidade que alcança com sua obra e toda obra
de um poeta precisa primeiro ser lida sem a interferência de outros reflexos
que não os dela própria. A confirmação disso não foi dada por João Cabral de
Melo Neto, mas entre nós, foi exercida por ele. E é o suficiente.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A cesura com que singularizou os
usos da linguagem poética ultrapassou os limites do fazer poético até então
vigente e implicou no estabelecimento de uma posição do poeta dentre o cânone.
Assim, o costume de se atribuir ao autor de <i>O cão sem plumas </i>o papel de
continuador da estética modernista é redutor, porque sua obra se apropria da
liberdade de criação aberta aqui, mas propõe outra maneira de construção
literária totalmente distinta da pauta em vigor, substituindo, por exemplo, a
irrupção do acaso, o instante excepcional ― possibilidades que se examinadas de
perto não se encontram muito distantes do que os próprios modernistas
condenavam ― pelo trabalho laboral com a palavra, fazendo com a que a poesia se
estabeleça como espírito dos objetos criados e não que estes sejam o
aprisionamento da poesia: “Para mim, a poesia é uma construção, como uma casa”,
diz na referida entrevista aos <i>Cadernos de Literatura Brasileira</i>. “A poesia é
uma composição”, emenda. Já o lugar de precursor da poesia concretista, talvez
recorrente devido ao zelo com a forma e a objetividade da linguagem, também é
facilmente questionável, visto que, nunca foi seu interesse uma intersecção
entre voz, forma e conteúdo. Quis, antes, uma voz, uma forma e um conteúdo
capazes de responder pela própria individualidade do objeto criado. Nesse
sentido, talvez só nisso, ele se aproxime da chamada Poesia Concreta, mas, como
repara, esta é a condição de todo poeta desde uma pulverização do poeta signo
de uma coletividade. João Cabral nunca deixou de referir que os concretistas,
ainda que se note uma extensão do seu trabalho, “fizeram uma coisa inteiramente
nova”.</div><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;">A posição individual se dá,
esclareça-se, não porque se rompeu os estreitamentos entre o poeta e a
sociedade; mas aquele deixou de estar acima do coletivo, deixou de ser o
indivíduo eleito, para se individualizar pela coletividade, o que, pela maneira
de singularização do mundo, pode se constituir dentro e fora da coletividade,
antena do seu tempo, para recuperar a medida metáfora mallarmaniana. Isso
justifica de maneira mais ou menos precisa a imensa solidão do poeta num
universo de fronteiras incontornáveis. Neste firmamento, João Cabral de Melo
Neto não é o satélite que no seu entorno abriga todo um sistema; brilha porque
alto vive.</div><o:p><div style="text-align: justify;"> </div></o:p><o:p><div style="text-align: justify;"> </div></o:p><div style="text-align: justify;">Pedro Fernandes de Oliveira Neto</div><div style="text-align: justify;">Diretor da Revista <span style="font-family: georgia;">7faces</span></div></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />Para ler ou baixar clique <a href="http://www.revistasetefaces.com/2020/09/clique-sobre-imagem-para-visualizar.html">aqui</a>.</p>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-62837100373039105122020-09-30T09:09:00.003-03:002020-10-01T19:55:05.670-03:00<p></p><div style="text-align: left;"><a href="https://issuu.com/setefaces/docs/revista_7faces_21" target="_blank"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="540" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-rKDZXIEdo_8/X3Rslx2HJoI/AAAAAAAAhf4/eKMJqpArWUI6hFEkB4np-R7dvk_oMMmOQCLcBGAsYHQ/w281-h400/capa%2B7faces%2B21.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="281" /></a></div><span style="font-family: inherit; font-size: x-small;"> <span style="text-align: center;">(clique sobre a imagem para visualizar a edição online)</span></span><p></p><p><br /></p><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><b>Organização</b>:<br />Pedro Fernandes de Oliveira Neto<br />Cesar Kiraly</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /><b>Projeto gráfico, editoração eletrônica e diagramação<br /></b>Pedro Fernandes de Oliveira Neto</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /><b>Páginas<br /></b>300</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /><b>Formato<br /></b>edição eletrônica</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /><b>Autores desta edição<br /></b>Alves Candeira, Antonio Carlos Sobrinho, Breno Almeida de Castro, Claudia Baeta Leal, Edwardo Silva, Francisco Romário Nunes, Gusthavo Gonçalves Roxo, Isabel de Carvalho, Julieta Simone, Lucas Grosso, Maíra Matos, Marina Magalhães, Nayara C. P. Valle, Paula Peregrina, Thássio Ferreira, Thiago Alexandre Tonussi e Vinicius Comoti</div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><br /><b>Autores convidados e selecionados<br /></b><span style="line-height: 15.6933px;"><span style="font-family: inherit;">Antonio Carlos Secchin, Darío Gómez Sánchez, Edneia Rodrigues Ribeiro, Francisca Luciana Sousa da Silva, Francisco José Ramires, Iván Carvajal, Mariana Bastos, Rafaela Cardeal, Rafaela de Abreu Gomes, Rogério Almeida, Rosanne Bezerra de Araújo, Rosidelma Pereira Fraga e Adriana Helena Albano.</span></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="line-height: 15.6933px;"><br /></span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><span style="line-height: 15.6933px;"><br /></span>Para baixar o PDF clique <a href="https://drive.google.com/file/d/16_3k-4I_H3Dmvwjvn-wnAFjxo-jF1b0T/view?usp=sharing">aqui</a></div><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></p><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm;"><br /></p></div><div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0cm; text-align: left;"><o:p></o:p></div><div style="text-align: left;"><br /></div>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-62615994937219103132019-12-27T07:16:00.002-03:002020-01-10T14:22:19.463-03:00<br />
<div class="separator" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;">
<img border="0" data-original-height="768" data-original-width="542" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-oLKvR4g-WT8/XgXZUlpv8nI/AAAAAAAAfy4/TjuCMpLk2SkPDNAX7rqCSQ4f2drV5VIIQCLcBGAsYHQ/s400/capa%2Brevista%2B7faces%2B19.png" width="281" /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A poesia é a
criação do sonho e da beleza que não há no mundo. O poeta é o que sente e vê o
que os outros não são capazes de ver.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Jorge de
Sena, <i>Sinais de fogo</i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
O excerto
recortado como epígrafe é de uma passagem da narrativa de <i>Sinais de fogo</i> em que
se apresenta a longa fala de um misterioso homem que, depois de livrar o
pasmado protagonista do romance e seu amigo de serem envolvidos numa artimanha
da polícia e capturados pelas forças opressivas da ditadura, se oferece como
anfitrião dos dois jovens; o texto pode muito bem ser lido, tal como aquele
discurso de banquete proferido pelo engenhoso fidalgo de La Mancha em louvor
das letras frente às armas, como uma exaltação, por vezes desinteressada, em
defesa à poesia contra um mundo obnubilado por forças estranhas e negativas.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
No romance
em questão, marcado por um período de levante das forças opressivas – a Guerra
Civil em Espanha e a ascensão de Salazar em Portugal –, acompanhamos a
travessia de um jovem universitário que redescobre a máquina do mundo e, no
vasto campo de aprendizagens pessoais, é tocado pela chama da criação poética. Casual,
mas forte o suficiente para não o abandonar na primeira oportunidade, esse
fenômeno se imiscui em todas as práticas cotidianas e faz com que essa
personagem padeça de uma posição de ensimesmado do mundo. A recorrência de
Jorge pelos sinais dessa força que impele à criação, nele produzem, dentre as
várias modificações, um radical afastamento do imediato e uma reapropriação de
si enquanto ser no mundo.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Dessa
maneira é possível ler Sinais de fogo como um ensaio acerca do nascimento da
poesia, uma vez que, da história de Jorge, o jovem entrevisto pelas lentes do
adulto aquando de sua curta estadia de transformações – os três simbólicos dias
de veraneio na Figueira da Foz –, é a história do poeta em formação, ou mesmo
do poema não-nascido, isto é, a história por trás do seu nascimento. É notável
que isso não se desenvolve apenas como episódio ou situação narrativa. Reiteradas
vezes, é o próprio discurso do romance que se transmuta em discurso poético.
Isto é, na própria tessitura da narrativa se deixa embutir perfeitas germinações
líricas, das mais puras, fazendo-nos deslizar sorrateiramente da fábula para o
simbólico e o onírico.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
É o
conhecimento poético que permite a Jorge formular um discernimento das coisas
fora das ideologias dominantes; só dessa maneira é possível vislumbrar
alternativas sobre os males do mundo – ou vê-lo, se não a sua inteireza, a sua
deformidade, o que, nem sempre se mostra aos olhos viventes comuns. Todo
retrabalho com a realidade não se opera pela negação ou afirmação veemente das
verdades; consiste na renovação da linguagem que as determina. A alternativa
pelo poético, reafirma uma postura segundo a qual mais que o indispensável
trabalho de se interrogar sobre as coisas e de denunciá-las é preciso saber-se
e transformá-las, dinâmica que nos implica enquanto sujeitos ao mesmo tempo
intérpretes e agentes.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Como
sublinha Jorge Vaz de Carvalho, na sua indispensável leitura de <i>Sinais de fogo</i>
como romance de formação*, a literatura, tal como descobre o protagonista de
Jorge de Sena, é produto de uma intuição formada por uma apreensão
fenomenológica do mundo; no longo périplo de um dia pela periferia de Lisboa,
que resulta ao protagonista o encontro arbitrário e sensual com vadios que se
banham às sombras da Torre de Belém, a vista de gente pobre que se apinha entre
os barracos, a reflexão descompromissada que resulta numa visão
fantástico-erótica terminada entre a concepção de novos poemas e a cena de uma
violenta masturbação, ele reflete: “Rememorando vagamente (pois que as palavras
se recusavam à memória tudo o que escrevera, senti que só a realidade, a outra,
a que se considera realidade, eu procurara. Não era a outra-outra, ou uma
outra-outra, o que eu pretendera atingir, na desordem angustiada da minha vida.
E, com certo orgulho triste, eu sentia que, enfim, a realidade estava dentro de
mim. Apenas só eu podia vê-la ou ouvi-la. Sim, era isso.”</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Quer dizer,
a alternativa pelo poético permite a Jorge – e por conseguinte ao seu leitor –
que uma leitura coerente do mundo não passa pela refutação das superfícies
atuantes e sim pela renovação profunda das dinâmicas do pensamento sem
desconsiderar o uni e o diverso que nos define enquanto comunidade humana. A
travessia dessa personagem é, fora dos trânsitos poéticos, a de uma moral
idealizada e individual para um caráter do cidadão e seu lugar na grande arena
social.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Se a poesia
é a criação de um mundo diferente, como reflete aquela personagem misteriosa,
este mundo não é o melhor, nem o perfeito, tampouco o que substituirá o mundo
nosso. É o mundo através do qual podemos observar o que deixamos de observar
com os olhos comuns. Quer dizer, o poético é uma alternativa de saber visto que
nos amplia a capacidade de conhecer, o que não é, paradoxalmente, uma salvação.
Se algo nos conforta, também não é nossa danação. Do contrário, podemos ao
menos encontrar nele modos de não perecer à fatal ordem do mundo. Esta é talvez
a maior das descobertas propiciadas pelo trabalho poético de Jorge de Sena. A
poesia é, para o autor da obra homenageada nesta edição, uma ponte de acesso
entre nós e o mundo. Por isso tão necessário em dias gris sua redescoberta.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
* Trata-se
de <i>Jorge de Sena. Sinais de fogo como romance de formação</i> (Assírio e Alvim, 2010).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Pedro
Fernandes de Oliveira Neto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Diretor da
Revista <span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">7faces</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para ler ou baixar clique <a href="http://www.revistasetefaces.com/2019/12/clique-sobre-imagem-para-visualizar.html">aqui</a>. </div>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-42906698508969458332019-12-27T07:10:00.000-03:002020-01-10T14:28:11.024-03:00<span id="goog_328078461"></span><br />
<div style="text-align: left;">
</div>
<span id="goog_328078462"></span><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<a href="https://issuu.com/setefaces/docs/revista_7faces_19"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="542" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-QAD4HNSlJBo/XgXWAFdh_EI/AAAAAAAAfyw/iI7DUWzR2GIy32SwYb0QrE_ReWidVUQsACEwYBhgL/s400/capa%2Brevista%2B7faces%2B19.png" width="281" /></a></div>
<span style="font-size: x-small;">(clique sobre a imagem para visualizar a edição online)</span><br />
<br />
<b>Organização</b>:<br />
Gilda Santos<br />
Pedro Fernandes de Oliveira Neto<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b>Projeto
gráfico, editoração eletrônica e diagramação</b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Pedro Fernandes de Oliveira Neto</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br />
<b>
Páginas</b><br />
234<br />
<br />
<b>
Formato</b><br />
edição eletrônica<br />
<br />
<b>
Autores desta edição</b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Lídia Jorge, uma seleção inédita por aqui do seu poemário recém-editado em
Portugal; Carlos Pittella, Rui A. Ribeiro, Wellington Amâncio da Silva, José
Pascoal, Caroline Costa e Silva, Salif Diallo, Francisca Maria Fernandes, Marco
Nepomuceno, Wellington Carvalho de Arêa Leão, Amanda Santos e Rafael Mendes</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b>Autores convidados</b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Kenneth David Jackson, Teresa Cristina Cerdeira, Luis Maffei, Marcelo Pacheco Soares, Lucas
Laurentino, Lucas Mendes Ferreira, Pedro Belo Clara e Maria Vaz</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br />
Para baixar o PDF clique <a href="https://drive.google.com/open?id=1Z_iDi9LpLKgGWwW8O8KR9Ig6IRji347X">aqui</a><o:p></o:p></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td class="tr-caption"><br />
<br style="font-size: medium; text-align: start;" /></td></tr>
</tbody></table>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"></table>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-2102778547047552192019-11-01T08:16:00.000-03:002019-11-01T08:19:23.393-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<img border="0" data-original-height="767" data-original-width="543" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-oM4iC1-Qt28/XbwRkW2fzDI/AAAAAAAAfdE/qeH7ZwbfNBQF-eyQYSoG1KHu8ul5cUKEwCLcBGAsYHQ/s400/capa%2Brevista%2B7faces%2B18.png" width="282" /></div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Qual a
fronteira entre a poesia e a filosofia? Um leitor de Friedrich Nietzsche poderá
afirmar com razão que essas fronteiras são líquidas, pela instabilidade ou
mesmo pela indeterminação estético-formal. Mas, a interrogação aqui proposta
não é de um leitor do filósofo alemão, embora a resposta não deixe de se pautar
na leitura precoce e portanto limitada do conjunto de aforismos de <i>Além do
bem e do mal</i> (Companhia das Letras, 1992). A interrogação aqui proposta é
da leitura esparsa da obra de Orides Fontela. Seu discurso poético arregimenta
uma reinvenção do mundo pela suspeição de corte filosófico e propõe ao leitor
um contínuo enigma sobre as coisas, desprezando os vínculos de ordem mais
realista ou material. Isto é, ainda que estejamos diante de situações das mais
triviais, não deixamos de estar numa poética que se insinua por uma essência ou
os lugares semitocados pela palavra.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A obra da
poeta brasileira coloca o leitor numa posição que nunca é confortável, até
mesmo ante o poema, trabalhado por ela como uma mônada; de modo que, o
exercício de leitura de sua poesia é sempre de suspeição do nível comum, a ordem
natural do mundo, para acesso a uma parte da ordem exclusivamente constituída
de poesia. Este é o ponto de impasse acerca das relações entre o poético e o
filosófico, uma natureza inovadora na poesia brasileira, que sempre esteve em
melhor consonância com os conteúdos prosaicos, designadamente os ideologemas da
história, da sociedade e daquelas vivências corriqueiras que uma vez traduzidas
pela subjetividade ou objetividade com a polissemia do signo linguístico
abre-se para outras zonas do sentido. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Mas, poesia
e filosofia não são uma mesma coisa. Logo, existem entre elas fronteiras, ainda
que não percebidas numa visita <i>en passant</i> sobre esses dois territórios.
É verdade que as duas são atividades constituídas por um jogo de intelecção do
mundo; e este jogo muitas vezes cobra do poeta e do filósofo – principalmente
do primeiro – uma linguagem inovadora. Isso porque o mundo e nossa relação com
o que o enforma só se manifesta mediado pela e como linguagem; assim, se os
conteúdos poéticos e filosóficos querem novas percepções sobre as coisas,
devem, começar por inaugurar outros lugares de linguagem. Essa tarefa
recorrente entre os poetas não é estranha ao filósofo. Não será exagero afirmar
que aquilo que se passa às margens dessa possibilidade é qualquer coisa entre
um sofisma e a autoajuda. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
As
semelhanças entre poesia e filosofia findam, assim, como via de ver as coisas e
como reinvenção dos estatutos da linguagem, muito embora, este último se
constitua para o poeta, muitas vezes, em atitude finalística porque não
meramente expressiva ou intelectiva mas formal e estilística. A questão poderia,
então, ser investigada pela ponta do trabalho de criação, ou seja, pela maneira
como o poeta e o filósofo constituem suas obras; e, se voltarmos ao ponto de
partida dessa reflexão, pela outra margem dessa linha, a onde está situado o
leitor. As duas possibilidades podem ser compreendidas da seguinte maneira: a
poesia é resultada de um impulso criativo e sua finalidade, por mais que esteja
enraizada no mundo e nas coisas que o habitam, é sua própria natureza, enquanto
a filosofia expande-se e fixa-se no mundo e nas coisas; o leitor experimenta o
conteúdo poético como uma circunstância estética e o filosófico como uma
possibilidade de intelecção de si e da existência. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Para o
poeta, pensar e sentir são suas maneiras de acessar o mundo. Cogentes da poesia,
qualquer uma delas pode ganhar, entretanto, maior ou menor força. No caso
manifestamente visível pela obra de Orides Fontela essa dinâmica ganha
proporção pelo primeiro polo. É o que aproxima sua poesia da filosofia. Mas, se
o poema não se constitui produto de uma resposta sobre as coisas, como o texto filosófico,
é porque o poeta não guarda referência direta sobre o mundo – mesmo que a ele
se refira diretamente. Indispensável lembrar o título de um livro de Carlos
Drummond de Andrade: <i>A vida passada a limpo</i>. Quer dizer, o que está no
interior e o que ronda o poeta constitui seu garimpo; passar a limpo é parte do
seu exercício de lapidação. Consiste, qual escultor, em remover e modificar
tudo até que resulte somente o essencial. E o essencial no poema é o que merece
ser. Todo poema é força descarnada. Um objeto autônomo. Se não o é, almeja ser.
É este seu princípio. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A poética de
Orides constitui sua autonomia do mundo enquanto símbolo. Sua inclinação
reflexiva, produto de uma intelecção original dada à poesia, não a leva ao
poema longo. É sempre a tentativa de contenção, como se quisesse chegar ao
ponto-limite, uma síntese, que ora se confunde como princípio e fim do
pensamento. Por isso, estamos diante de uma poeta filiada a uma tradição que
compreende a poesia como instante entre o ser e o mundo. E o poema, objeto
autônomo, é, na sua poética, um enigma. Talvez justifique isso a predileção da
poeta para o espontâneo, o que a aproxima, contraditoriamente, de um modo de
criação cujas diretrizes se mostram pelos estatutos da <i>inspiração</i>, um
comportamento de inegáveis raízes românticas.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Entramos
numa seara mantida pelo dilema entre uma concepção artesanal e uma concepção
expressiva da poesia. Assim, ao tratar o poema enquanto produto de um acurado
trabalho de lapidação pensamos no poeta como um manufatureiro da linguagem, o
que, à primeira vista se opõe à feitura literária de Orides Fontela, uma vez
que, a inspiração a aproxima de um ideal místico-casual em que o poema é
manifestação ou revelação. Sabe-se, entretanto, que essa espontaneidade é
puramente recurso expressivo da <i>persona </i>do poeta; as escolhas que
determinam uma unidade de sentido da obra, notadamente nos contidos universos
forjados nos cinco livros que escreveu, ou quaisquer outras intervenções
introduzidas no objeto em constituição é, sim, produto que atesta para uma
negação do dom mediúnico ou divinatório do fazer poético. Quer dizer, é
possível compreender que sua espontaneidade reside não no feitio do poema, mas
na vivência com o mundo e as coisas, na maneira como se mostram no poema, sem
intervenções por sobreposição. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A edição
agora publicada, vê-se, sublinha uma das mais importantes criadoras da cena literária
brasileira posterior ao terremoto de 1922. Ninguém duvidará que Orides Fontela
contribuiu de forma significativa para o progressivo afastamento da nossa
poesia do sopro das vanguardas e do frenesi instaurado pelo modernismo,
ampliando as fronteiras do espírito revolucionário que se inaugurou com tais
movimentos. Isso não é pouco. Sua geração representou, sobretudo, o
fortalecimento de nossas criações enquanto força autêntica na imensa correnteza
constituída das literaturas mais consolidadas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i>Pedro Fernandes de Oliveira Neto</i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Diretor da Revista <span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">7faces</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: inherit;">Para ler ou baixar clique <a href="http://www.revistasetefaces.com/2019/11/7faces.html">aqui</a></span></div>
<b></b>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-15568753968302080152019-11-01T08:11:00.002-03:002019-11-01T08:17:14.853-03:00<br />
<b>7faces. Ano IX, 18 edição, ago.-dez. 2018</b><br />
<b><br /></b>
<b><br /></b><br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://issuu.com/setefaces/docs/revista_7faces_18" target="_blank"><img border="0" data-original-height="767" data-original-width="543" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-oM4iC1-Qt28/XbwRkW2fzDI/AAAAAAAAfdE/GZxBkgDQMHgbLUQ0VvUVvSBL8Yzad58TgCPcBGAYYCw/s400/capa%2Brevista%2B7faces%2B18.png" style="margin-left: auto; margin-right: auto;" width="283" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div style="text-align: left;">
<a href="https://issuu.com/setefaces/docs/revista_7faces_18" target="_blank">(clique sobre a imagem para visualizar a edição online)</a></div>
<a href="https://issuu.com/setefaces/docs/revista_7faces_18" target="_blank"><br style="font-size: medium; text-align: start;" /></a></td></tr>
</tbody></table>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><a href="https://issuu.com/setefaces/docs/revista_7faces_18" target="_blank"><span id="goog_628040549"></span></a></span></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<b>Organização</b><br />
Nathan Matos Magalhães<br />
Pedro Fernandes de Oliveira Neto<br />
<br />
<b>Projeto gráfico, editoração eletrônica e diagramação</b><br />
Pedro Fernandes de Oliveira Neto<br />
<br />
<b>Páginas</b><br />
208<br />
<br />
<b>Formato</b><br />
edição eletrônica<br />
<br />
<b>Autores desta edição</b><br />
<span style="text-align: justify;">Tarso de Melo, Antonio Carlos, Ana Elisa Ribeiro, Bruna Kalil, Demetrios Galvão, Ítalo Lima, Lucas Rolim, Madjer de Souza Pontes, Mariana Basílio, Pedro Belo Clara e Shelly Bhoil</span><br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<span style="text-align: justify;"><b>Autores convidados</b></span><br />
<span style="text-align: justify;">Nathan Matos Magalhães, Gustavo de Castro e Márcio de Lima Dantas</span><br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<span style="text-align: justify;">Para baixar o PDF clique <a href="https://drive.google.com/file/d/1OsInBGzcx_piXQwxh1xRj6LGEkqzvK56/view?usp=sharing">aqui</a></span>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-8137700594617110422018-12-21T10:42:00.002-03:002018-12-21T10:42:25.376-03:00<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="544" height="400" src="https://4.bp.blogspot.com/-SEaBeqfd9SQ/XBzti9HxcOI/AAAAAAAAdqU/pAH9sDHBDgwdR6UjL1f1P2hMzd-oJ8_EgCLcBGAs/s400/revista%2B7faces%2Bn.17.png" width="281" /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
UM RETRATO <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Florbela era
filha de um fotógrafo, por isso é tão rica a sua iconografia. João Espanca, seu
pai, fazia de Florbela a musa preferida. Ela adorava as poses: pérolas falsas
enfeitando o pescoço, estola de pele de raposa sobre os ombros, semblante grave
à Pola Negri, quase sempre não sorria, olhar vago, de um verde-água traído pelo
preto e branco dos retratos da época. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Depois do
pai, tantos outros, a modos diversificados, pintaram um retrato da poetisa. Não
faltou quem acentuasse um defeito ou uma qualidade, até criaram novos matizes
para enfeitar a imagem que queriam destacar. Amada e temida como as sereias,
seu canto poético seduziu e irou um pequeno país, espremido entre o mar e a
montanha, no início do século XX. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Às vésperas
do centenário do seu primeiro livro de poemas, o <i>Livro de Mágoas</i>, de 1919, qual
retrato pode-se apreender hoje de Florbela? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A dimensão
artística da palavra lhe deu o condão de resistir à voragem do tempo e este,
senhor de todas as respostas, apagou tantos traços irresponsavelmente
sobrepostos ao retrato da escritora. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Dessa
maneira, não é mais possível (nem salutar) a constituição de perfis apenas
díspares, pois com o passar dos anos, como um vinho que ganha sabores e aromas
complexos, depreenderam-se da obra e da vida de Florbela diversas maneiras de
apreensão: de uma fatura literária relativamente curta e de uma vida (abreviada
de maneira precoce, infelizmente!) imbrincada nas palavras que escreveu
sobressaíram perspectivas variadas e ricas, como a questão da emancipação
feminina, das engrenagens de uma escrita calcada em si, do trabalho voltado à
tradução literária, do diálogo e ruptura com a Tradição, de um erotismo
pulsante e uma dor plangente, da irmanação geográfica com a terra natal, bem
como certo atavismo cultural de uma saudade eminentemente lusitana... tudo isso
amalgamado num conjunto literário que rendeu à Literatura Portuguesa um acervo
dos mais belos versos já escritos nas Terras d’Além Mar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Portanto,
essa multiplicidade caleidoscópica está retratada nos ensaios colecionados
neste número da Revista <span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">7faces </span>em homenagem à Florbela Espanca. Agradeço a
Pedro Fernandes a oportunidade de se construir, em momento extremamente
oportuno, um belo, justo e variado retrato da poetisa, na observação crítica da
riqueza da sua obra e na contemplação da beleza da sua escrita. Viva Florbela! <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Jonas Leite<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Coorganizador
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<i><div style="text-align: justify;">
<i>Para ler ou baixar clique <a href="http://www.revistasetefaces.com/2018/12/7faces.html">aqui</a></i></div>
</i>Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-84998734814149490712018-12-21T10:40:00.001-03:002018-12-21T10:40:15.820-03:00<b>7faces. Ano IX, 17 edição, jan.-jul. 2018</b><br />
<b><br /></b>
<b><br /></b><div data-configid="1496978/66561472" style="width:625px; height:412px;" class="issuuembed"></div>
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(clique sobre a imagem para ampliar)<br />
<br />
<b>Organização</b><br />
Jonas Leite<br />
Cesar Kiraly<br />
Pedro Fernandes de Oliveira Neto<br />
<br />
<b>Projeto gráfico, editoração eletrônica e diagramação</b><br />
Pedro Fernandes de Oliveira Neto<br />
<br />
<b>Páginas</b><br />
246<br />
<br />
<b>Formato</b><br />
edição eletrônica<br />
<br />
<b>Autores desta edição</b><br />
<span style="text-align: justify;">Franco Bordino (poemas traduzidos por Pedro Fernandes de Oliveira Neto), Daniel Jonas (seleção de poemas da antologia <i>Os fantasmas inquilinos</i> organizada por Mariano Marovatto, Editora Todavia), Lucas Grosso, Augusto de Sousa, Juan Manuel Palomino Domínguez, Carolina Pazos, Tibério Júlio de Albuquerque Bastos, Rebeca Rose dos Santos Leandro, Nathalia Catarina, Alaor Rocha, Paulo Emílio Azevedo e Moira Marques Portugal.</span><br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b>Autores convidados</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Eliana Luiza dos Santos Barros, Isa Margarida Vitória Severino, Michelle Vasconcelos Oliveira do Nascimento, Maria Lúcia Dal Farra, Clêuma de Carvalho Magalhães, Fabio Mario da Silva, Andreia de Lima Andrade, Chris Gerry, Iracema Goor Xavier</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para baixar o PDF clique <a href="https://drive.google.com/file/d/17UN6RtqNwA5AvMJTJDG9lMj4j4HEB4KA/view?usp=sharing">aqui</a></div>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-58618592079462633542018-05-21T16:17:00.001-03:002018-12-21T10:02:10.732-03:00<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<img border="0" data-original-height="684" data-original-width="485" height="400" src="https://4.bp.blogspot.com/-XqRrefNVDZA/WwMbQc0uwpI/AAAAAAAAcao/2KPvVcRr6OElNnFf1GwRca4qIEHiQR9pACLcBGAs/s400/capa%2B16%25C2%25AA%2Bed%2Bda%2B7faces.png" width="281" /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
NOTA QUASE INÚTIL<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Escrever sobre
Herberto Helder é um crime. Ler também, não nos enganemos. Qualquer desaviso em
relação ao poeta é um convite ao conhecimento de si e do mundo pelas vias obscuras,
pela mão errada de um criminoso com sua única graça, o crime, empunhando a Bic preta
— a mais inocente das armas. Imperdoáveis, o amor e a palavra são as condições para
abrir o caso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Em julho de
2018 poderia ser comemorado o lançamento de <i>Apresentação do Rosto</i> (Ulisseia,
1968), um dos livros mais polêmicos de Herberto Helder e que já quase não existe
à mão. O condicional é aplicado não fosse o livro um advento tumultuoso na trajetória
literária de um dos maiores escritores portugueses do nosso tempo: o romance autobiográfico
ou a autobiografia romanceada foi alvo de censura pela Polícia Política dias após
a impressão de seus 1.500 exemplares. Quase todo o material foi incinerado assim
que apreendido pelo P.I.D.E. A pequena parcela que escapou à destruição se encontra
em alguns pontos específicos do mundo, seja em bibliotecas de universidades, entre
as raridades de alfarrabistas exigentes ou então nos cofres de seletos estudiosos
de Herberto Helder. Cinquenta anos de um livro renegado pelo próprio Autor — aqui
em maiúscula — é lembrado por ser o reduto primeiro de diversos textos remanejados
ou reescritos para outros títulos como <i>Photomaton & Vox</i>, <i>Vocação Animal</i> e <i>Os
Passos em Volta</i>. O que foi o foram os relances potencialmente ligados ao seu passado
propriamente civil, como se fosse a página o confessionário, a casa da infância
que deveria ficar em total escuridão. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Abrir esta <span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">7faces
</span>lembrando de uma das mais indefiníveis publicações da literatura portuguesa, assinadas
por um poeta como Herberto Helder, é tão arriscado quanto cometer a montagem de
uma edição especial sobre Herberto Helder. Deve-se responder pela tentativa de reunir
alguns dos principais nomes que falam sobre esse nome, como se um crime estivesse
sendo premeditado. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Assim como a
poesia é esse ato ilícito para atingir o coração da existência, uma revista é a
prova de que não se ocultam esforços para convidar à roda os passos de novos e mais
leitores. É uma tentativa. Os poetas e seus respectivos crimes, cuidadosamente escolhidos,
também se voltam ao Autor — sempre em maiúscula — e, de uma forma ou de outra, também
homenageiam o rosto e testemunham o seu processo de ocultação na própria obra. É
no poema que o poeta respira. É na poesia que o poeta morre, e é assim que se
vive para sempre. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Escrever sobre
Herberto Helder é um crime e toda a sua dificuldade. Inafiançável, como a sua escrita.
E essa a condição de sua grandeza. Porque o êxito da poesia está, como o próprio
Helder afirma diante dos poemas de António José Forte, “em torná-la activa e frutuosamente
manifesta”. Lida e relida, com cuidado ou à exaustão, é a prova de que a vida de
um poeta compensa. E também a morte, sem mestre. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Agradeço, e não
pouco, pela confiança do editor Pedro Fernandes e pela pronta resposta dos convidados
para participar de um documento voltado às mais variadas faces da obra de Herberto
Helder, seja no ensaio, nos versos ou mesmo nas artes visuais. Para construir mais
um ponto de leitura do silêncio — mais um lugar de paixão. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Enquanto isso,
Herberto Helder segue sendo o crime que não prescreve. <o:p></o:p><br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<i>Leonardo Chioda<o:p></o:p></i></div>
<div style="text-align: start;">
<span style="text-align: justify;">Coorganizador</span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: right;">
Veneza, maio
de 2018<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i>Para ler ou baixar clique <a href="http://www.revistasetefaces.com/2018/05/7faces.html">aqui</a></i></div>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-37494956404092226852018-05-21T16:12:00.000-03:002018-05-25T19:15:01.198-03:00<b>7faces. Ano VIII, 16 edição, ago.-dez. 2017</b><br />
<b><br /></b>
<b><br /></b>
<br />
<div class="issuuembed" data-configid="1496978/61550135" style="height: 452px; width: 640px;">
</div>
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(clique sobre a imagem para ampliar)<br />
<br />
<b>Organização</b><br />
Leonardo Chioda<br />
Cesar Kiraly<br />
Pedro Fernandes de Oliveira Neto<br />
<br />
<b>Projeto gráfico, editoração eletrônica e diagramação</b><br />
Pedro Fernandes de Oliveira Neto<br />
<br />
<b>Páginas</b><br />
256<br />
<br />
<b>Formato</b><br />
edição eletrônica<br />
<br />
<b>Autores desta edição</b><br />
<span style="text-align: justify;">Mariana Basílio, Eduardo Quina, Hugo Lima, Valter Hugo Mãe (seleção de textos do seu inédito no Brasil </span><i style="text-align: justify;">publicação da mortalidade</i><span style="text-align: justify;">), Camila Assad Quintanilha, Gabriel Faraco, Laura Elizia Haubert, Carlos Arthur Rezende Pereira, </span><span style="text-align: justify;">C</span><span style="text-align: justify;">ristiane Bouger, Jorge de Freitas, Diogo Bogéa, José Pascoal, Lucas Perito, Antônio LaCarne, Gabriel Stroka Ceballos, Diego Ortega dos Santos, Gregório Camilo, Guilherme Lessa Bica, José Huguenin e Fabrício Gean Guedes.</span><br />
<div>
<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
<span style="text-align: justify;"><b>Autores </b></span><b>convidados</b><br />
<span style="text-align: justify;">Eduardo Quina, António Fournier, Rafael Lovisi Prado, Maria Lúcia Dal Farra, </span><span style="text-align: justify;">Claudio Willer, Tatiana Picosque e Ana </span><span style="text-align: justify;">Cristina Joaquim</span><span style="text-align: justify;">.</span><br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<span style="text-align: justify;"><b>Ilustrações</b> </span><br />
<span style="text-align: justify;">Mariana Viana</span><br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span><span style="text-align: justify;">Para baixar o PDF </span>clique <a href="https://drive.google.com/file/d/1WUz94hakYM2AjgAjjIgC1u-GIupUkkZm/view?usp=sharing">aqui</a>.Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-66811014215549215102018-01-29T14:49:00.003-03:002018-01-29T14:49:53.840-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<img border="0" data-original-height="767" data-original-width="543" height="400" src="https://3.bp.blogspot.com/-ob8IngYrsFk/Wm9eqUNQXZI/AAAAAAAAbas/a07iDUtLAyw2xdMozmoGCAGKiN-fBB01gCLcBGAs/s400/capa%2B15%25C2%25AA%2Bed%2Bda%2B7faces.png" width="282" /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
DA MANEIRA
MAIS SIMPLES, OUTROS RITMOS, OUTROS MODOS<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Tomar as
coisas simples, sem retirá-las de seu estado de simplicidade; torná-las nas
mais complexas, sem torná-las incompreensíveis. Duas tarefas da boa poesia.
Mede-se a capacidade do poeta pela maneira como torna o significado em
significante. O tecido do poema deve ser feito com riqueza de densidade, ao
ponto de servir a forças externas variadas. Quanto maior sua elasticidade maior
a durabilidade do poema. E, claro, se o literário se mede pela longevidade,
mais próximo de ser voz singular entre vozes singulares. O poema é um objeto
fabricado para mover-se. Quando não, está fadado à ferrugem indelével do tempo.
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Reparar a
complexidade do simples não é às vezes o mais difícil dos exercícios e por isso
tanta matéria se acumula no porão do esquecimento. O que envolve esse
procedimento é que a poesia se faz da mais autêntica das características da
literatura. Todo poema é revelação. Há nesta palavra duas condições
dicotômicas, compreendendo por isso não o viés comum – e, um dia, perceberão,
deturpado – de distinção opositiva. O dicotômico se constitui na inter-relação
entre duas faces de um mesmo objeto. Ou seja, o que aqui se nega não é sua
distinção e sim a determinação da incomunicabilidade entre uma e outra face
como se se tratasse de unidades isoladas e incomuns.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Assim, em revelação,
do latim <i>revelatio</i>, se conjugam dois termos, <i>re</i>, indicando oposição, e, <i>velare</i>,
cobrir, tapar; <i>velare</i>, de <i>velum</i>, véu. <i>Velar</i>, logo, cobrir com véu, esconder; e revelar,
retirar o véu, mostrar. Os dois sentidos se ocultam na palavra <i>revelação</i>. O ato
de se mostrar não traz nunca uma imagem pura do que se mostra. Assim, o que se
vê na revelação é apenas o entrevisto; o que num primeiro instante constitui
uma certeza sobre o que se mostra, mas logo é tornada em dúvida. Toda revelação
pressupõe um ocultamento. Daí o descompromisso do literário com esse ideal
fabulado pela razão sobre uma verdade absoluta das coisas. Não há discurso fora
da ideologia. E toda literatura é também, para contrapor outra das ilusões que
foram buscadas para validar o valor prático do exercício estético com a
linguagem, ideológica.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Em matéria
de poesia, revelação preenche, dentre as várias linhas de sentido acumuladas pelos
usos do termo e aqui retomada para o melhor esclarecimento das conjeturas
etimológicas apresentadas, aquele viés de raiz teológica. Revelar é fazer
conhecer o que se oculta dos olhos comuns. Novamente, não repousa a ideia de
abertura permanente do que se encobre, em que seja possível nele permanecer. O
que se mostra se mostra através de um lampejo, uma iluminação capaz de
favorecer os sentidos a reparar sobre a face que se oculta. Nenhum profeta – e
ao que parece nem mesmo Adão e Eva – viram a face de Deus. Todas suas aparições
se resumem a sinais: um sopro que repousa no vazio absoluto, uma voz ou uma chama
que se desprende do céu ou do nada. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Todo poema,
porque criação, imita a Deus; não há heresia na afirmação uma vez que não se
permite sobre ela uma simplista conotação religiosa. Sagrada, sim; religiosa
não. O poema é material de manifestação do sagrado, em todas as suas dimensões,
porque objeto dourado e batido na forja por um ente capaz de perceber Deus nos
seus sinais. Na ruptura com as linhas determinantes que julga uns em detrimento
de outros, o sagrado da poesia pressupõe a face oculta pelo dogma; a poesia
contém, no sentido de contemplar, o que se designa profano. É nele onde reside
a força sacra mais honesta. O homem é corpo, pulsão e desejo – as três
dimensões que o tornam herdade de um milagre.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Dentro desta
linha, a poética de Eugénio de Andrade é significativa; nela se inaugura, algo
comum a toda obra significativa do gênero, um universo particular cujo
interesse é favorecer uma revelação do mundo, desde sua forma mais simples à
mais complexa, aquela capaz de não ser justificada pela mera força antagônica
com que fomos levados a forjar o mundo. Embora pareça que cada poema seu é
gerado de eventos individuais que subitamente tornam à vista do poeta – e são –
essas peças constituem um todo vibrátil; é um corpo que se mostra em variações,
ora ele próprio, ora – e em grande parte – metamorfoseado em ilações favoráveis
ao encontro de uma dimensão que julgávamos perdida, mas que ao tato do poeta
foi apenas propositalmente velada pelos estratagemas da técnica, persistentes
estes na negação da poesia enquanto <i>mobilis </i>de todas as coisas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Essa
dimensão recorre a um tempo primitivo quando todas as coisas, apesar de conter
sua forma-em-si, não eram colocadas umas em oposições a outras. Tanto que na
poesia de Eugénio de Andrade seu gesto sagrado é o da comunhão
corpo-mundo-corpo; mantém-se um reino da inseparabilidade opositiva. Esta só se
mostra em aparência porque objeto feito de palavras, não-possibilidade de
realização plena dessa totalidade. Nessa composição, o poema é sutura de
elementos que figuram ao alcance do poeta; esses elementos por vezes se revelam
como são, outras, logo transmutados numa forma que mantém estreiteza nas suas
nervuras constitutivas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Nada,
entretanto, é inocente nesta poesia e por isso que os inocentes, no trabalho e
retrabalho das sugestões comuns para o que nela acreditam se revelar, sempre
estarão condenados a apenas planar sobre a superfície do poema. Quantas imagens
marcadas pela ordem opositiva das coisas ilustram a poesia de Eugénio de
Andrade? Nenhuma. Mas os olhos que não desconfiam do que veem ou que apenas não
estão de espírito livre para acessar as imagens outras que esta poesia nos
sugere permanecem nos modelos triviais. Nada mal para o poeta. Ele conseguiu
realizar-se em sua plenitude. Se recordamos o que dizíamos sobre o termo <i>revelação
</i>entenderemos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
É preciso o
olho de soslaio, incomum, o corpo febril e sedento, o espírito livre dos dogmas
para se aperceber do que se nos mostra no poema. Todo poema só se realiza se
formos capazes da construção de um olhar desautomatizado da repetição simplista
da técnica e capaz de nos restaurar o contato aberto com o mundo e as coisas,
como se pudéssemos cumprir um retorno ao nosso tempo primitivo. Caso contrário,
o que teremos é apenas uma acumulação de palavras dispostas em relação ou não
entre si. Ou seja, o simples não é o que aparenta. Nem a poesia do simples.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i>Para ler ou baixar a edição clique <a href="http://www.revistasetefaces.com/2018/01/7faces.html">aqui</a>.</i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-10632954651733081752018-01-29T14:48:00.002-03:002018-01-29T18:02:32.187-03:00<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">7faces</span>. Ano VIII, 15 edição, jan.-jul. 2017</b><br />
<b><br /></b>
<b><br /></b><br />
<div class="issuuembed" data-configid="1496978/57860571" style="height: 453px; width: 640px;">
</div>
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(clique sobre a imagem para ampliar)<br />
<br />
<b>Organização</b><br />
Cesar Kiraly<br />
Pedro Belo Clara<br />
Pedro Fernandes de Oliveira Neto<br />
<br />
<b>Projeto gráfico, editoração eletrônica e diagramação</b><br />
Pedro Fernandes de Oliveira Neto<br />
<br />
<b>Páginas</b><br />
268<br />
<br />
<b>Formato</b><br />
edição eletrônica<br />
<br />
<b>Autores desta edição</b><br />
<span style="text-align: justify;">Carla Valente, Clara Baccarin, Custódia Pereira, Helena Loza, Joaquim Cardoso Dias, Laryssa Costa, Lucas Repetto, Manuel Pintor, Sandra Fonseca Matias, Susana Canais, Alberto Arecchi, Carla Carbatti, Marcelo Grisa, Maria Vaz e Pablo Bruno de Paula dos Santos.</span><br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<span style="text-align: justify;"><b>Autores </b></span><b>convidados</b><br />
<span style="text-align: justify;">Gabriel José Innocentini Hayashi, Paulo Brás, Maria Vaz, Maria João Reynaud, Paula Mendonça e Tânia Ardito.</span><br />
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<span style="text-align: justify;">Para baixar o PDF </span>clique <a href="https://drive.google.com/file/d/1sxAvwTnMYvVwdeE1FqNuXweyuPK-sUDh/view?usp=sharing">aqui</a>.Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-62769957885049165212017-11-15T08:16:00.000-03:002017-11-17T14:26:33.907-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<img border="0" data-original-height="640" data-original-width="452" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-qeOy19qYtAI/WgwZsojjjrI/AAAAAAAAa2A/3XtRlmFek34_yjOy7Wl7WNvJE1vgqOurgCLcBGAs/s400/Sem%2Bt%25C3%25ADtulo.png" width="282" /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
“A POESIA
QUE RESIDE NAS COISAS”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Há muito,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
os objetos
criaram<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Um som macio
de existência,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
E a vida
mudou-se sujocada<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Para a face
inerte, das coisas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
O mundo
vestiu a capa grosseira <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
dos jatos cotidianos
e chamou para a sombra,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
tudo o que
pudesse perturbar na luz,<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
a vista
enfraquecida nas longas meditações.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Por isso,
ninguém viu nada....<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: x-small;">Mário
Peixoto, trecho de “A poesia reside nas coisas”. <i>Poemas de permeio com o mar</i><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Podemos pensar
que este trecho de poesia resumiria todo sentido do imenso reservatório poético
e imagético de Mario Peixoto. O centro de tudo isso se encontraria na
autoconsciência, desde a juventude, de um mundo originário ligado a um
corpo-vibrátil sem órgãos e desterritorializado da infância. Este que incluiria
um pensamento reflexo capaz de captar e expressar no intervalo de um instante
sublime, uma infinita riqueza de energia na singularidade de texturas e cores
das coisas ao redor em oposição àquele perceptivo funcional e inerte do
cotidiano e das identidades subjacentes. Essa consciência de um corpo vibrátil
se espalharia então por todos os meios expressivos que Mário utilizou, do
cinema à literatura. Se há uma
poesia da existência, do familiar ou do inefável do limite humano, ela se
encontraria precisamente na dimensão tanto do absoluto da natureza em relação
ao homem como na dimensão do corpo e das coisas imediatamente postas ao redor e
que são necessariamente percebidas pelo olhar. Olhos e imaginação trabalhando
sempre juntos segundo o próprio Mário, influenciado por um cinema mudo
contaminado pelas vanguardas e pelo engajamento vinculado a um amplo contexto ideológico
estetizante da arte moderna, que substituiu a tradição clássica e as convenções
por uma nova ordem do mundo vinculada ao visível, na autonomia das descobertas
da experimentação do olhar sobre as texturas na luz, como disse Louis Delluc, <i>A
poesia é portanto verdadeira e existe tão realmente quanto o olho</i>. Mas Mário
radicaliza essa experimentação estética em <i>Limite</i> no andamento fluido de sua
“atenção” sobre as mãos iniciais, na textura do rosto da mulher do prólogo, do
barco e do remo pictóricos na imagem, dos cabelos da mulher ou dos homens no
cemitério, na textura sombreada do barco, nas guelras se entreabrindo do peixe
na praia e nos movimentos livres da câmera no telhado, na estrada ou no
bebedouro, nos movimentos da máquina de costura e no trem, desobstruindo-os do
apenas simbólico ou de sua funcionalidade no encadeamento da narrativa fílmica
para simplesmente acontecer poeticamente na imagem e no som entrelaçados,
valendo-se principalmente de sua opacidade de coisa. Portanto será das coisas
que nascerá uma poética do sublime, portanto moderna. E é dessa poética das
coisas na imagem que nascerá uma narrativa sonora de imagens fluida e
indeterminada. Essa poética se tornará um espelho fenomenológico dessa poesia
que reside nas coisas na medida em que o próprio desencadear da narrativa
geraria no fim de Limite uma poética do entrelaçamento na cena das mãos do
homem morto formando, segundo o próprio Mário, uma contextura com o chão. O
corpo como coisa entre as coisas. O entrelaçamento. A carne. O quiasma. Anos
depois, já no início da grande literatura de <i>O inútil de cada um</i>, apareceria um
pensamento amadurecido explicitando a poética de uma busca pelo sublime no ato
reflexo do pensamento sobre si perceptivo e da suspensão do agora eternizado
pela consciência do instante que recai sobre a percepção do tempo e das coisas
ao redor espalhadas no chão e descritas no passeio na praia, extensão poética
das pegadas do casal em Limite. O corpo será, então, o grande operador dessa
poética. Poética de um pensamento espelhado que recai sobre si mesmo, sobre
esse mesmo estar no mundo corpóreo e sua relação silenciosa com as coisas que
tecem um universo de existência algo lisérgico nas texturas moventes ao som das
trilhas de Debussy, Satie e Ravel e que de alguma forma prenunciariam algo como
uma ponte longínqua do que viria a ser conhecida muito tempo depois como a nova
dicção da valorização do corpo na contracultura, no comportamento hippie,
expressa na literatura pop tropicalista em José Agrippino de Paula, nas artes
plásticas, operada pelo ideologema fenomenológico do neoconcretismo, na
performance e no cinema experimental dos anos 1970, principalmente no
superoitismo de Céu sobre água, do mesmo Agrippino. Poderíamos então, quem
sabe, pensar na constituição de um determinado veio estético brasileiro imbuído
de um sensível corpóreo e que a partir desses regimes poéticos e de imagens
diferenciados pudessem ser pensados a partir de um hipotético entrecruzamento
no espaço e no tempo.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Geraldo Blay
Roizman<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br />
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i>Para ler ou baixar a edição clique <a href="http://www.revistasetefaces.com/2017/11/7faces.html">aqui</a>.</i></div>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-33602624984966494232017-11-15T08:12:00.001-03:002017-11-15T08:12:56.477-03:00<i style="text-align: justify;">Mário Peixoto. Poemas, prosas e material de espólio</i><span style="text-align: justify;"> (en</span>cartado no n.14 da Revista <span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">7faces</span>)<br />
<br />
<br /><div data-configid="1496978/55373929" style="width:640px; height:452px;" class="issuuembed"></div>
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<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
(clique
sobre a imagem para ampliar)<o:p></o:p></div>
<span style="text-align: justify;"><br /></span>
<span style="text-align: justify;"><b>Gênero</b></span><br />
<div style="text-align: justify;">
Poesia; prosa</div>
<div style="text-align: justify;">
<b><br /></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Capa</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Pedro Fernandes a partir de foto Mário Peixoto.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Páginas</b></div>
<div style="text-align: justify;">
130</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Sobre</b></div>
<div style="text-align: justify;">
Este encarte reúne uma seleção de poemas, excertos em prosa e reproduz materiais do Arquivo Mário Peixoto. </div>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-75239050214544399812017-11-15T07:54:00.000-03:002017-11-17T19:45:50.579-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">7faces</span>. Ano VII, 14 edição, ago.-dez. 2016</b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
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</div>
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(clique
sobre a imagem para ampliar) </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b>Organização<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Cesar Kiraly</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Filippi Fernandes</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Pedro
Fernandes de Oliveira Neto</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><br /></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b>Capa</b></div>
<div class="MsoNormal">
Victoria Topping</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b>Projeto gráfico, editoração eletrônica e diagramação</b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Pedro
Fernandes de Oliveira Neto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br />
<b>
Páginas</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
252<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br />
<b>
Formato<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
edição
eletrônica<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br />
<b>
Autores desta edição<o:p></o:p></b></div>
<span style="text-align: justify;">José Luís Peixoto, Jonas Leite, </span><span style="text-align: justify;">C</span><span style="text-align: justify;">hary Gumeta (poeta mexicana traduzida por Pedro Fernandes), Rodrigo Novaes de Almeida, Lucas Rolim, Gabriel Abilio de Lima Oliveira, Carlos Augusto Pereira, Geovane Otavio Ursulino, Rosa Piccolo, Izabela Sanchez, Orlando Jorge Figueiredo, Diego Ortega dos Santos, Lucas Facó e Felipe Simas</span><br />
<div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Autores convidados</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Geraldo Blay Roizman, Ciro Inácio Marcondes, Saulo
Pereira de Mello, Roberta
Gnattali, Joel Pizzini<br />
<br />
<b>Encarte</b><br />
Encartado a esta edição foi publicado <i>Mário Peixoto. Poemas, prosas e material de espólio</i> (<a href="http://www.revistasetefaces.com/2017/11/mario-peixoto.html">aqui</a>)</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Para baixar
o PDF clique <a href="https://drive.google.com/file/d/1U6BNnzQ9tTXtOX02Al00m1Gen-UeOvXT/view?usp=sharing">aqui</a>.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
</div>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-67015689211609906532017-01-18T12:07:00.002-03:002017-01-18T12:15:24.993-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<img border="0" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-OEXXdBdh3XQ/WH-CbEBaGQI/AAAAAAAAYbc/jYt_2WwVMWARGCVotEKNDt3J6VPuapnzQCLcB/s400/capa%2B13%25C2%25AA%2Bedi%25C3%25A7%25C3%25A3o%2Bda%2Brevista%2B7faces.png" width="286" /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
SOBREVIDA
PELA PALAVRA<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A vida são
instantes. E os instantes são vãos. Só a palavra é sobrevida. Mesmo se
esquecida, fatalidade da qual talvez o único ileso seja o tempo; silenciada,
destino dado àqueles para quem a palavra é mero exercício pragmático ou quem é
calado pelo poder. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A palavra é
ainda nossa única eternidade. Foi, na impossibilidade de precisar o eterno, a
cápsula que trouxe vivos quem nunca conhecemos. E revelará para o futuro quem
fomos. A eternidade é um reverberar contínuo de palavras. Não à toa, a palavra
foi tornada objeto de culto. Quem é deus, se não uma palavra? E a existência,
se não o que se nomeia? A palavra é o princípio, o meio e o fim.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A
compreensão da palavra como criadora do visível, finito, e do invisível,
infinito, é a raiz da poesia. Há no poeta a contínua tarefa de refundação do
mundo. Ora pela distensão da palavra em uso, ora pela renovação da língua pela
palavra nova. No primeiro caso é, mesmo que recriação, criação, uma vez não ser
o ato recriativo uma ressurreição. A ressurreição não é o nascimento do mesmo.
Tudo só vive uma vez. Exceto a palavra, que se renasce e alcança os opostos noutras
vidas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Assim,
quando acusam o poeta de sua poesia se refugiar no trivial é, por vezes, contra
a possibilidade criativa – e o logo o ser da poesia – que se colocam. Porque
não é a trivialidade aquilo que permanece no poema mas sua expansão. O que se
expressa. E isso precisou que o poeta alcançasse outra compreensão sobre a
efemeridade a fim de percebê-la como possibilidade poética. Ao mesmo tempo,
esta não é uma percepção fortuita. Nem totalmente nova – coisa do acaso. Nem
gratuita, levada em causa pelo império do trivial e do efêmero, expandido da
aurora da modernidade ao contemporâneo. É a reafirmação do que sempre se
percebeu enquanto força, pulso da natureza. Que o material da poesia é a
existência. Se assim, a poesia está em toda parte. E o poeta é o demiurgo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Por exemplo,
o ponto no qual se insere Ana Cristina Cesar, o dos poetas que lidam com o uso
coloquial da linguagem e se apropriam na sua obra de palavras corriqueiras, dos
seus usos pragmáticos, do seu cotidiano – afirmativa que, se se adéqua ao
estatuto do efêmero aqui em destaque, se distancia o suficiente, no limite de
ser chamado de contradição, se lembrarmos que esses poemas podem, agora
distantes desses usos e do cotidiano da linguagem, constituir o sentido
sempiterno esperado da poesia. Historicamente é inegável o distanciamento do
presente tomado como feitura do poema. Mas, o caso percebido então, é que,
tomado pelo poema, qualquer efemeridade é logo tornada distância. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
O trabalho
de preocupação pela desvinculação do datado – daquilo que o próprio Carlos
Drummond de Andrade, um dos nomes pertencentes daquele eixo central do
modernismo e situado entre os revolucionários do gesto poético na literatura
brasileira, isto é, base para o que tem sido trabalhado pelos poetas de depois
– não é uma tarefa atribuída ao leitor mas ao poeta; convencionalmente, são
raros os leitores presos à necessidade de vincular o conteúdo do poema a
determinado contexto. E essa proximidade é só ilusão para o poeta. Para o
leitor, pura miragem. Aos leitores mais acurados nunca lhe restará outra
alternativa se não a de, no trato de deslindamento do poema, oferecer a mais
diversa sorte de possibilidades de leitura a fim de demonstrar o trabalho de
significação construído, direta ou indiretamente, pelo poeta. Isso significa
dizer que, a depender da maneira como se verifica o contexto pela obra poética,
retomá-lo não é atribuir-lhe uma força atrasada e sem valia para o leitor
contemporâneo, tampouco atualizá-la, mas tratá-la como um enriquecimento no
processo de leitura do poema. O poema é rio de linguagem e arrasta sedimentos
do tempo. Em passagem, esses sedimentos são o mesmo-outros. Ler poesia vestida
de efemeridades é encontrar a pele deixada pela palavra no passado e como se
recria depois. Um mover-se sempre em distensão. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A
efemeridade que une Ana C. aos poetas de seu tempo e depois
dele assume-se como uma frente de significação diversa: se manifesta ora
na estrutura e forma do poema, quando encontramos a força epifânica do verso
curto, a estrofe breve ou poema-pílula e a linguagem quase sempre despida do
trabalho de garimpo, a anotação do que lhe vem num instante de epifania; ora no
tema, nas situações evocadas que se referem ao dia comum, do que vê e vivencia
o eu-poeta; ou na maneira como o poema é apreciado pelo leitor. Isto é, não
estamos ante qualquer força que lhe implique uma necessária reflexão porque o
efêmero, o epifânico, é revelação e não inspiração. O poema é instante.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
É por isso
que o renascimento, por assim dizer, da sua obra encontra terreno muito fértil
na atualidade. Porque, do tempo dela para o nosso, o efêmero é cada vez um modus
vivendi; já não é a da atitude de reflexão contemplativa. Estamos
definitivamente na era dos insight – naquilo que, se para o bem ou
para mal ainda não sabemos, tem se assumido na poesia com grande força
expressiva, ainda que o poema-trocadilho e o poema-piada, por exemplo, signos
da aurora desse tempo, sejam uma alternativa cada vez mais previsível e logo um
fenômeno cansado, que serviu a um tempo mas agora talvez devêssemos usar essa
força para galgar outras expressões poéticas; de toda maneira, as novas
gerações têm em poéticas como a de Ana o impulso para se reinventarem.
Herdeiros na poesia são aqueles capazes de subverter o que seus antepassados
disseram e fizeram. O trabalho de poetas como Ana C. foi sempre o de
desconstruir descontraidamente a sisudez da poesia e de quem faz o verso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Isso
responde perfeitamente as acusações de que a poesia de poetas como Ana Cristina
sobrevivem mais ao culto do poeta torturado, atormentado e suicida. A poesia
dessa poeta encontra fôlego dentro e fora de seu tempo. É catapulta para o futuro.
Prevalece a sobrevida da palavra que, por sua vez, é a sobrevida do poeta. Não
o contrário como os detratores costumam pensar. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Pedro
Fernandes</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i>editor</i><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i>Para ler e-ou baixar a edição clique <a href="http://www.revistasetefaces.com/2017/01/7faces.html">aqui</a>.</i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-87918858720606686052017-01-18T12:06:00.001-03:002017-04-03T12:11:47.080-03:00<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">7faces</span>. Ano
VII, 13 edição, jan.-jul. 2016<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br />
<div class="issuuembed" data-configid="1496978/43267374" style="height: 448px; width: 640px;">
</div>
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(clique sobre a imagem para ampliar)
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<b>Organização</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Pedro
Fernandes de Oliveira Neto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Cesar Kiraly<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br />
<b>
Capa</b><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Billy and
Hells<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br />
<b>
Projeto gráfico, editoração eletrônica e diagramação<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Pedro
Fernandes de Oliveira Neto<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br />
<b>
Páginas<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
248<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br />
<b>
Formato<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
edição
eletrônica<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br />
<b>
Autores desta edição<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Lau
Siqueira, Jørge Pereira, Fernanda Fatureto, Douglas Siqueira, Laís Araruna de
Aquino, Anna Barton, Salvador Scarpelli, Leandro Rodrigues, Lúcio Carvalho,
Karin Krogh, Jeovane de Oliveira Cazer, Cristiane Grando, João Pedro S. Liossi,
Luís Otávio Hott, Ricardo Abdala, Nivaldete Ferreira, Carlos Barata, Laís
Ferreira Oliveira e Fernanda Pacheco.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Para baixar
o PDF clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0BxyJDvv3PhxmYm43bjhmdlZZREE/view?usp=sharing">aqui</a>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
</div>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-18275049204167223632017-01-17T11:57:00.000-03:002017-01-17T11:57:23.073-03:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<span style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://2.bp.blogspot.com/--t6iS-9aWbU/Vq-PQjdNsqI/AAAAAAAAVDg/1383wg_ULqU/s400/capa%2B7faces%2B12.png" width="307" /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
“O poeta
inventa viagem, retorno, e sofre de saudade”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Hilda Hilst<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Entre os
nomes ousaram intervir com os chamados temas pouco poéticos – e por isso as
observações desenvolvidas até aqui – está o de Hilda Hilst; talvez por essa
razão e porque não se interessou pactuar com determinados grupos do Olimpo
(leiam a expressão com a máxima de ironia possível), a poeta também está no rol
daqueles cuja obra melhor ficaria se caída no esquecimento. Contra essa última
imposição podemos pensar na saída construída por ela: passar-se pelo que não
era (ou será que era?) a fim de enquanto se desfazia da voz comum que rebaixava
seu trabalho se mostrava igualmente como as outras já ingressadas por toda
sorte de subterfúgios ao panteão dos sacrossantos. Essa posição é arriscada e
não serve aos fracos, aos que se encantam pelo bruxulear da fama do bem-aceito
e esquecem do lugar devido do poeta – o não-lugar. Hilda fez-se em trânsito e
construiu aberturas para ruir com o interesse escuso da crítica conveniente e
conivente que zelou por jogá-la no limbo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
O poeta é e
não é homem do seu tempo. Sabe de quais materiais molda seu universo. É porque
não é possível se desfazer das obsessões que lhe tomam no momento de
composição; não é porque, mesmo expondo às claras os motivos do seu tempo,
estes não são sorvidos à sua maneira pelos leitores imediatos. Isso justifica a
perenidade de determinadas obras; justifica o caso de redescoberta da poesia de
Hilda Hilst. É o processo de contínua leitura motivado em parte pela exposição
escusa da crítica de seu tempo quando não o silêncio em torno da sua obra –
silêncio lido pela poeta como o pior dos castigos da musa contra o trabalho do
poeta, silêncio que sempre foi preenchido pelas banalidades produzidas por
outros poetas – que faz finalmente sua obra alçar outra dimensão da sua obra na
e para a literatura recente. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Não se trata
isso de reconciliação do centro com os das margens – porque além dessas duas
dimensões possuir suas limitações, sobretudo a segunda, a releitura de uma obra
nem sempre é feita com o interesse de corrigir a visão deturpada de um tempo. É
porque finalmente é feita uma leitura coerente e não sentencial de sua obra.
Nesse momento parece que sempre ouviremos ela nos dizer, “fico besta quando me
entendem”. E, afinal, pode nem ser entendimento somente; é que obedecendo certa
posição repetível entre os grandes, Hilda esteve em contato com as vozes de um
tempo porvir, ainda que este tempo de hoje ora pareça tão mais retrógrado,
corrompido, coberto por uma espessa camada de fumo com elementos do pior da
civilização. E esta não é uma posição pessimista; é somente uma constatação do
próprio malgrado humano lido pela poeta em “Poemas aos homens de nosso tempo”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Da extensa e
multifacetada obra de Hilda Hilst, a poesia, tal como sua prosa, esteve
interessada em expor, dentre outras questões ou temas, os conflitos centrais
entre sujeito mundo e os discursos sempre apresentados como acabados ou
não-sensíveis ao campo do poeta; tal posição está em consonância com o que se
esperava da obra de um poeta do seu tempo, mas, tudo se filia a uma condição
marcadamente única só possível de ser realizada através de uma escrita
interessada no trabalho não de permanência mas de desestabilização das
trivialidades. Devemos a Hilda sua perspicácia e inteligência em afastar-se da
mesmidade dos temas no interesse de uma obra autossuficiente; que fez da
contradição e dos rigores estabelecidos dos discursos matéria vital para sua
poesia – coragem dispensada em muitos poetas e utilizada com o vigor necessário
na construção de uma obra desde sempre igualmente necessária. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i>Para ler ou baixar a edição clique <a href="http://www.revistasetefaces.com/2016/02/7faces-caderno-revista-de-poesia-ano-vi.html">aqui</a></i>.</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-40899195735437501612017-01-17T11:45:00.002-03:002017-01-17T11:45:44.206-03:00<br />
<div class="separator" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;">
<img border="0" height="400" src="https://3.bp.blogspot.com/-I5BEGVgARhY/WH4t8JSZGjI/AAAAAAAAYZg/MK9aXg_cO7k4ry18oKYZgsbGLQZK8_tHACLcB/s400/capa%2Bda%2B4%25C2%25AA%2Bed%2Bda%2B7faces.png" width="282" /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
"Quando já
abandonamos a crença em um Deus, a poesia é a essência que ocupa seu lugar como
redenção da vida"</div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i>Wallace
Stevens</i><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Muito já se
escreveu sobre o caráter valorativo da poesia. Sobre o seu papel nesse mundo
tresloucado. Mas, todos parecem concordar, entretanto, que esse valor e esse
papel da poesia não são instituídos por padrões fixos e são, portanto,
imensuráveis e reduzidos a si próprios. A questão não se finda aí, no entanto.
E por isso entro para o rol dos que voltam a ela só para, mais uma vez, dizer
que esse fim em si da poesia está para além do seu próprio estatuto. E que esse
fim desempenha um movimento para além das fronteiras do signo poético e sua
dimensão é ampla o suficiente para entender a poesia com materialidade
constituinte da ordem real do mundo empírico; muito embora o mundo empírico a
rejeite, a poesia faz-se força corrente, escorrega sorrateira por entre suas
fendas e aí se instala sendo capaz de reinventar a ordem das coisas. E isso não
tem nada a ver com uma pedagogização gratuita do mundo, um amolecimento da
dureza da racionalidade ou como quer ainda os mais puritanos, um florear do
real. Sobre isso já tenho dito que estamos longe no território da poesia. Ela
tornou-se materialidade inquieta e inquieta o suficiente para ser aquela que
aponta com o mesmo dedo em riste do romance, por exemplo, o caos do mundo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Sobre o caos
do mundo a poesia ocupa a dimensão não de estatuinte de uma ordem, mas de sua
problematização. Se antes o mundo parecia um sistema muito bem elaborado, com
proa conduzida pela figura de um navegante superior que detinha as coordenadas
e dizia – sem dar as caras – qual seu papel na cabine da condução; se antes o
sistema bem elaborado se guiava por regras próprias às quais o homem, reles
mortal, não tinha acesso; hoje o movimento é avesso disso tudo: olhamos para os
mais de não-sei-quantos anos-luz desse mar de estrelas e percebemo-nos sem
capitão; o sistema, até que possui regras próprias e está mais ou menos bem
estruturado, mas noutra ponta, a certeza de não termos capitão e de sermos
agora criador-e-criatura, deu ao mundo uma destituição de sua cartografia e ao
homem a vontade real de ser imortal. A poesia entra aí como unidade maleável no
processo de reconhecimento do mundo-em-si, do homem-pelo-homem, do homem-deus.
Isso parece ser suficiente para ver na poesia como espaço de redenção do homem
perante sua existência e, consequentemente, da vida perante a vida. Nesse
processo, instaura-se ainda o caráter de resistência da poesia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
O sopro da
nomeação – instituído na criação do mundo ao Adão – é um sopro poético.
Reconhecer a natureza com tudo o que ela tem, fundamento da linguagem,
instituição do mundo, por extensão fundamento da poesia. Se ela se desvinculou
do movimento sagrado e desceu das torres de marfim, porque os deuses todos
estão mortos, a poesia, logo, ocupa o extenso vazio por eles deixado e firma-se
como sentido das coisas e do mundo. Não deixa de ser posta sob pelos-ares como
representação vazia ou inutilidade verbal, isso pelo modo como o rumo da
construção do sistema que rege a redoma social tem sido pensado, articulado e
construído, ao longo de vários séculos de dominação e exploração.
Contemporaneamente, a espetacularização, o consumismo, a massificação, a
coisificação do homem, a nulidade da vida e o desenvolvimento de uma teia
crescente que suga e deglute a todos e nos ameaça (e muito tem nos
transformado) em escravos cativos, mentes obsedadas, esquemas a serviço de, eis
que a poesia resiste. Resiste no ato de reincorporação do corpora semântico, de
refacção dos esquemas verbivocovisuais, da reformulação de sua própria
consciência de ser-poético e firma-se como contra-corrente para destituir a
hostilidade, o absurdo, a falta de lucidez. Firma-se como um grito, um perfil
esguio, esquivo, revolto, retorcido, alimentando-se não somente de si – sua
substância vital – mas deglutindo, antropofagicamente, a indigência, o avesso,
o retrocesso. Fecha-se para si, fala de si-para-si, mas expõe a nu os
movimentos de obliteração que a reduziram em fantasmagoria. Mas sobrevive. E
sobrevive.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Aqui se
inscreve a poesia de Marize Castro. Não quero reduzi-la ao tom feminino a que a
crítica comumente tem-na associado e o fundo sobre o qual a poeta tem se movido
ostensivamente. Mas quero entender Marize Castro no epicentro de um movimento
escritural que se firma como sujeito-ator no processo de reconstituição
simbólica do mundo pela palavra – signo feminino, mas largamente cultivado por
uma colônia patriarcal. A poeta de Marrons crepons marfins estabelece – ao modo
do que fizeram outras poetas suas contemporâneas e ao modo como fazem também
outras poetas posteriores a si – um novo movimento do signo poético, que
primeiro busca no traço da diferença, mas não deixando de guiar-se por projetos
mais solidificados, para uma refiguração do mundo. Um elo de resistência às
paredes da ordem dominante, a fim de, como um caruncho que se alimenta dessa
estrutura, promover uma destituição do dito pelo interdito.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
O ilhamento
da palavra, sua decomposição e recomposição em pequenos blocos, entre outras
figurações estéticas constituem-se, ainda, em novidade pelo modo como o
recurso, aperfeiçoado desde a lírica cabralina, dá enforme a ideia verbal
sugerida pela poeta. A resistência da poesia encontra em Marize muitas faces.
Muito embora estejamos diante de uma urdidura poética ainda em construção, o
fabricar seu ora sugere a reformulação de condutas, ora sugere um mover-se de
defesa e destituição discursiva, ora é crítica sem trégua ao descompasso, à
desordem do mundo-fêmea em constante reformação. Não há espaço para nostalgia,
nem para a utopia, o fim-em-si do poema propõe um mundo outro, de fendas
expostas, de novas relações, em que a poeta se apresenta numa pulsação corpórea
de dimensões escusas, pondo à voz o que foi silenciado, cerceado, cerzido,
obliterado por uma ordem unicista, unilateralista e inteiramente a serviço de
uma margem tida como superior às outras. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Pedro
Fernandes<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i>editor</i> </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i>Para ler e-ou baixar a edição clique <a href="http://www.revistasetefaces.com/2012/07/7faces_18.html">aqui</a>.</i></div>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-37984357955600636352017-01-17T11:37:00.002-03:002017-01-17T11:37:39.715-03:00<br />
<div class="separator" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;">
<img border="0" height="400" src="https://1.bp.blogspot.com/-6qt3ugpqNLI/WH4sC8t0dfI/AAAAAAAAYZU/73gWv8fEKcsDGSPYbdaKJRQcamn-Tjr3ACLcB/s400/capa%2Bda%2B3%25C2%25AA%2Bed%2Bda%2B7faces.png" width="283" /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
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<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
"um bom
poema, / por mais
belo que seja, tem de ser cruel" </div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Joan
Margarit <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Lapidar
palavras. Não é esse apenas o trabalho do poeta. É lapidá-las e recolocá-las
em rotação. Porque palavras são, além de pedras, universos. Por isso mesmo, o
ofício do poeta está para o de deus. Cada poema engendra na sua maquinaria um
universo próprio e particular. Universo que se nutre da lama de onde emerge,
mas customiza-se, vinga (não todos) e constitui-se em atmosfera paralela a esse
real empírico que habitamos. Nesse estágio, o poema atua como sala de espelhos.
Mas dela extrai-se um itinerário palpável que não se perde no espaldar dos
reflexos. É esse itinerário o resultado de sua materialidade pétrea. As
palavras têm dimensão, peso, massa e volume. Não tivesse não seria possível
moldar esse universo particular do poema, como também se perderia o poema no
mover-se do refrata-reflete. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Foi-se então
o tempo em que o poema era flor. Delicado. Fechado. Olhando para sua maquinaria
e se enfeitando de balangandãs. Perfumado. Imaginação. Suspiro de iluminado na
torre de marfim. Medido à régua. De passo regrado. Espartilhado. Povoado de
donzelas. De palavras castas, virgens. Esse estágio há muito que se perdeu. O
poema não é mais universo apartado. Deixou as alturas. Incorporou as dores do
mundo sem se perder nelas. Incorporou as decisões do seu criador e fez-se
denúncia. Gotejar perfurante. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
O universo
próprio que se cria do mundo faz o poema movimento. Perdeu-se também, logo, o
estágio de paralisia. Poema travelling. Há nisso tudo, ainda, o poema
antropófago. Alimentando-se da maquinaria dos balangandãs e fazendo-se
maquinaria simples. Absorvendo o eco dos antepassados e fazendo-se novo eco.
Não muitas vezes (constantemente) invadido por outras tessituras
verbivocovisuais. Nascendo, ora do ponto morto, da materialidade esvaziada
(quase) de poesia. Ora fazendo-se por metástase: de uma palavra princípio do
mundo, um novelo infinito. De tons destoantes. Estonteante. De toadas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Mas (alerta)
nem tudo é matéria de poema. Poetas de brinquedo quebram-se. Não resistem à
pancada firme da palavra. Palavra pedra. Objeto de duas faces. As duas
cortantes. O trabalho com a palavra é, pois, coisa de gente séria. Não há aqui
espaço para os aluados, os tomados de inspiração. O poema é espaço de labuta.
Constante. Exige do poeta a persistência, a audácia, o suor, o êxtase, o
sangue. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Nesse
estágio novo do poema, vejam bem, foi que encontrei com uma poeta potiguar de
produção significativa. E digo o porquê. Porque tem na palavra a seriedade. E
consegue, como poucos, reinstalar esses organismos, nem sempre em atmosferas aconchegantes,
mas suficientemente capazes de fundir-se em universos próprios cuja emoção (do
eu que canta) e a razão (do eu que fabrica o canto) mantém-se em equilíbrio.
Cada obra dela é como um andar por sobre uma cerca de farpados. Talvez essa
seja a metáfora mais concreta para entender o desafio de, primeiro, entender a
sua construção poética e, segundo, ler seus poemas. Do modernismo, ela não
herda a metástase. Herda a concisão. Mamediana, como parece caminhar todos os
grandes poetas que vem depois de Zila e faz da poeta uma fonte. Por conseguinte
ela incorpora-se no rol cabralino; não somente pela seriedade com a palavra,
mas pelo zelo com que remonta e constrói seus universos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A concisão
dessa poeta nasce no nome pelo qual se designa. Como o nome daquela portuguesa,
poeta no registro, a poeta potiguar Diva Cunha – é este o nome e é dela a obra,
ambos, nome e obra homenageados nessa edição do caderno-revista – reúne no
primeiro nome a dubiedade da palavra poética. Faz-se diva, de divino (?), de
deusa a remoldurar universos. Diva não usa apenas do trabalho físico das mãos
para compor. Sua poética é fabricada com os laivos do corpo e daí a palavra em
Diva é também corporeidade. E o poema sistema. Logo o universo que ela
remoldura é muito particular. E tão próprio que parece inútil procurar
correntes em que filiar a escritora. Particular, mas plural. Se o corpo todo
tateia a moldura do poema, os temas sobre os quais se sustentam são
diversificados. Como deve ser o poema nesse novo cenário da palavra. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A palavra de
Diva é ousada. Desvirgina formas femininas. É cúmplice com aquilo que diz.
Coloca a tessitura do desejo na fenda da palavra. E tudo se ilumina no gozo
louco, hemorrágico. Entendem os dois limites que a palavra da poeta alcança? É
a concisão que se perde no despejar de sentidos. A palavra em Diva parece está
sempre grávida. Cheia por todos os lados. E de uma elegância única. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Pedro
Fernandes <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i>editor</i></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<i>Para ler e-ou baixar a edição clique <a href="http://www.revistasetefaces.com/2012/07/7faces_19.html">aqui</a></i>.</div>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-426503473690212150.post-48388023996889563842017-01-17T11:24:00.005-03:002017-01-17T11:24:59.222-03:00<br />
<div class="separator" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;">
<img border="0" height="400" src="https://4.bp.blogspot.com/-wY1jV-Z-UXU/WH4pD_S_SsI/AAAAAAAAYZI/e9mfsKKdx_0k1IgaueYGOTgtHnXQ5v_DACLcB/s400/capa%2Bda%2B2%25C2%25AA%2Bed%2Bda%2B7faces.png" width="282" /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
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<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="text-align: justify;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<span style="text-align: justify;">"O poema essa
estranha máscara mais verdadeira do que a própria face"</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Mário
Quintana<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
O mundo
contemporâneo tem passado por movimentos diversos que encareceram o modo de
existir dos sujeitos. Tanto é verdade que o fantasma encarnado na palavra
“crise” tem sido o que hoje a tudo povoa. A consolidação das primeiras marcas
desse fenômeno de crise, surgido pela soma de uma série de episódios, se dá,
sobretudo, por aqueles elementos desencadeados da Primeira Guerra Mundial
(1914-1918). Sem dúvidas, as transformações que este episódio, em particular,
trouxe ao mundo não se resume apenas à modificação das linhas espaciais do
continente físico europeu e as subjetivas dos indivíduos (dos seus modos de
agir e ser), mas, feito rastilho de pólvora, se alastra e contamina o mundo
todo e todos os setores; no terreno da arte não foi diferente: também as
transformações se fizeram marcantes. Lembremo-nos dos movimentos da chamada era
moderna que solavancaram esse território introduzindo novas temáticas, novas
formas de uso da arte e novos modos e usos da linguagem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
É nesse
contexto de modernidade que o ano de 1927 será, como um marco, significativo
para a cidade do Natal. Pela época o eixo Rio-São Paulo lia Primeiro caderno do
aluno de poesia de Oswald de Andrade, de Oswald de Andrade, ou Clã do jabuti,
de Mário de Andrade, dois dos principais precursores do movimento modernista no
País e duas obras símbolo dessa nova maneira de fazer e entender arte
literária. O motivo de tal importância desse ano é que por aqui, também como no
Centro-Sul, se assistia a publicação de um livro inusitado, tanto na forma (86
páginas, 15X21, em forma de caderno de desenho e impresso em papel barato tipo
de jornal) quanto no conteúdo (portando singelos quarenta poemas). E ainda
vinha com um título inusitado, Livro de poemas de Jorge Fernandes. Tudo isso,
aos olhos do nosso provincianismo causou, certamente, estranhamento e, por que
não, celeuma no meio artístico, ainda, de certo modo, encantado com os versos
primaveris exalando o perfume da rima perfeita.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
A poesia de
Jorge Fernandes inaugura por cá aquilo que já se operava com grande veemência
pelo Sudeste. De modo que é uma poesia significativa porque rompe com a
estética perfeita e bem desenhada do parnasianismo e vem apresentar que o
exercício poético é mais do que “escrever versos metrificados/ contadinho nos
dedos”, mas uma labuta constante que se apropria da matéria do próprio
cotidiano e da língua corriqueira para refundar novas maneiras e usos da
linguagem; o entendimento de que no poema se fundam novos territórios e novas
dimensões do pensar e do existir; o poeta cria para si um mundo à parte (uma
máscara, para uso dos versos de Mário Quintana) que lhe outorga fins mais puro
e mais verdadeiro do que a própria realidade. Em Jorge Fernandes são elementos
materiais da modernidade – as máquinas das fábricas, os automóveis, a
velocidade, a imagem, a visualidade sonora, e os aviões, sobretudo (está aí o
motivo da capa desta edição).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; text-align: justify;">
Além de toda
essa importância para o cenário da Literatura no Estado, e esse será outro motivo
pelo qual sai esta edição em homenagem ao poeta, ano passado foi publicada uma
belíssima edição reunindo toda a produção de Jorge Fernandes; trata-se do livro
Jorge Fernandes – o viajante do tempo modernista, organizado, em mais de trinta
anos de pesquisa, pela professora Maria Lúcia de Amorim Garcia. Tal empreitada
da professora reinaugura o olhar para a obra-prima de Jorge Fernandes e
apresenta-nos outras faces do poeta e do fazer-se poeta. Logo, o nome de Jorge
Fernandes constitui, peça fundamental a que esse caderno registra em homenagear
na sua segunda edição: um poeta dono de um espírito moderno, que redescobre o
poder da palavra; um poeta para uma era ainda mais sofisticadamente moderna e
novamente ressignificado na corrente literária do Rio Grande do Norte. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
Pedro
Fernandes<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm;">
<i>editor</i></div>
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<br /></div>
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<i>Para ler e-ou baixar a edição clique <a href="http://www.revistasetefaces.com/2012/07/clique-sobre-imagem-para-ampliar.html">aqui</a>.</i></div>
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<i><br /></i></div>
Pedro Fernandeshttp://www.blogger.com/profile/04271723800445614609noreply@blogger.com