
Caderno de desenhos, de Márcio de
Lima Dantas
(catálogo encartado no n.5 da Revista 7faces)
Gênero
Catálogo de artes
Capa
Márcio de Lima Dantas
Páginas
56
Sobre o catálogo
Não faz muito tempo que saiu por
aí e por aqui deve voltar a sair em breve, agora que temos uma espécie de
coluna para casos do tipo, desenhos de Elizabeth Bishop, Sylvia Plath, Ferreira
Gullar e Carlos Drummond de Andrade. Todos os que escrevem tiveram ou têm, não
raras vezes, oportunidades para um passatempo a compor garatujas que podem, se
for o caso, serem aperfeiçoadas e ganhar a delicadeza e o traço profissional,
como é patente nos desenhos dos dois primeiros nomes citados.
Fato é que, o desenho deve ser a
forma de expressão poética mais antiga do homem. Ainda quando sequer sabia
fazer uso da linguagem como vimos aperfeiçoando nesse itinerário em que a
espécie se constitui sapiens e, logo, ainda quando nem imaginávamos o
trabalho com a palavra escrita, mas já o espírito da poesia habitava essas
paragens, fazíamos caricaturas nas pedras, no corpo, como signos de registro ou
de celebração.
Tudo isso serve para dizer duas
coisas: primeiro, o desenho é também forma de arte e tem uma proximidade
histórica muito própria e saudável com a poesia. A voz poética prima pela
concisão e pela precisão, o desenho também. A concisão e a precisão primam pelo
detalhe e tanto a poesia quanto o desenho também podem ser alinhados por ele.
Segundo é que Márcio de Lima
Dantas, um dos nomes mais promissores da cena contemporânea da poesia potiguar,
o autor de livros como Metáfrase, O sétimo livro de elegias, xerófilo e Para
sair do dia, este aqui duas vezes premiado, o autor de trabalhos de fôlego em
torno de João Cabral de Melo Neto e de Orides Fontela, este poeta, decidiu,
como fizeram aqueles quatro primeiros, apresentar seus desenhos em público.
Publicado numa tiragem eletrônica, Caderno de desenhos, encartado no
número 5 do caderno-revista 7faces, é mostra significativa dessa
constatação, que não me foi espanto, descobri muito recentemente.
São dois itinerários ensaiados por
Márcio: um, “marcas de ferro” e outro, “Brasília”. Em ambos, ele reinventa ou
inventa novas possibilidades. Para a série “marcas de ferro” é o desenho
livre, para a série “Brasília”, o artista prefere o traço preciso de um
transferidor, todos, feito à mão com lápis.
Como se fossem garatujas infantis,
Márcio traduz o primitivismo como transvaloração radical da forma para o
estabelecimento de uma possibilidade nova de representação; quer com isso
repetir o gesto de poeta que ele é: propor um rompimento necessário na expressão
a fim de refundar espaços, pela revisão, ansiar o novo, porque a mesmice e o
marasmo são duas coisas caras à breve existência do homem.
Pedro Fernandes
para o blog Letras in.verso e re.verso, publicação de 29 de julho de 2012.
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(catálogo encartado no n.5 da Revista 7faces)
Catálogo de artes
Márcio de Lima Dantas
56
para o blog Letras in.verso e re.verso, publicação de 29 de julho de 2012.